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A
poesia de Ruy Belo nas palavras de Gastão Cruz:
«Enquanto
«de novo a seara amadurece», lembremos a obra de
Ruy Belo, um dos mais grandiosos e complexos
monumentos da poesia portuguesa, um monumento
barroco, em que alguns dos mais relevantes
caminhos e experiências da poesia portuguesa
moderna confluem numa síntese poderosa, que
congrega características aparentemente tão
demarcadas e raramente conciliadas, como um
discurso torrencial, por vezes próximo da prosa,
e uma imaginação verbal inesgotável, por um
lado, e uma extrema atenção ao pormenor do
verso, nomeadamente no nível fónico, por outro,
como uma permanente dissecação da vida e da
realidade quotidianas, em contraponto com uma
antevisão, ora angustiada, ora irónica, da morte
própria e uma inquietação perante a morte
alheia não menos constantes.»
Gastão
Cruz
, A Poesia Portuguesa Hoje
2ª edição corrigida e aumentada
Lisboa, Relógio d’Água, 1999
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