Música Calada

 

Dizias que nos sobram as palavras:

e era o lugar perfeito para as coisas

esse escuro vazio no teu olhar.

 

E demorava a dura paciência,

fruto do frio nas nossas mãos vazias

que mais coisas não tinham para dar.

 

Dizia então a dor o nosso gesto

e durava nas coisas mais antigas

a solidão sem rasto que há no mar.

Luís Filipe Castro Mendes

Poesia Reunida (1985-1999)

Lisboa, Quetzal, 1999


LUÍS FILIPE DE CASTRO MENDES


Nasceu em 1950, em Idanha-a-Nova.

Formado em Direito pela Universidade de Lisboa (1974), seguiu a carreira diplomática, facto que o tem feito viver um pouco por todo o mundo.

Poeta e ficcionista, fez a sua estreia em 1983 com a colectânea de poemas Recados. Revelam-se, nesta obra, duas características que marcarão a sua poesia: a intertextualidade (com referências a escritores como Emily Dickinson, Rilke, Nietszche, Jorge Luís Borges, Rimbaud, entre outros) e o tratamento de formas poéticas tradicionais, como o soneto.

 

Obras do autor:

Poesia

Recados (1983)

Seis Elegias e Outros Poemas (1985)

A Ilha dos Mortos (1991)

Viagem de Inverno (1993)

O Jogo de Fazer Versos (1994)

Modos de  Música (1996)

Outras Canções (1998)

Poesia Reunida,1985-1999 (1999)

Os Dias Inventados, 2001

 

Ficção

Areias Escuras (1984)

Correspondência Secreta (1995)

 

Para ler dois poemas:

«Every Poem is an Epitaph»

«Que dúvida tinhas que o fogo passaria por ti?»


Para ouvir alguns poemas.

 

Entrevista com o poeta a propósito de Poesia Reunida.

 


© Instituto Camões, 2002