Eco

É mais fácil partir quando o silêncio
transpõe a tua voz.

Mais simples celebrar a tão efémera
certeza de estares vivo.

A música do ar esvai-se nas sombras,

tu sabes que é assim,

que os dias correm céleres, não tentes

perseguir o seu rasto – repara

como em abril as aves são felizes.

Sê como elas: não perguntes nada,

deixa que o sol responda à flor da tarde

e esquece-te do mundo.

FERNANDO PINTO DO AMARAL

Nasceu em 1960, em Lisboa.
Poeta, tradutor e crítico literário, é professor na Faculdade de Letras de Lisboa.
É, ainda, colaborador regular do jornal Público e das revistas Ler, Colóquio Letras e outras publicações. Tem comissariado eventos dedicados à literatura, nomeadamente a exposição «100 Livros do Século», e integrado comitivas de escritores portugueses a iniciativas promovidas no estrangeiro.

«Haverá certamente no que escrevo o resultado de um percurso pessoal em que se acumulam os livros que li, os filmes que vi, os lugares por onde passei, as pessoas que amei ou conheci, contribuindo tudo isso para definir o lugar da minha subjectividade, mas inscrevendo-se numa tradição lírica que não renego e da qual me sinto apenas mais uma voz, entre muitas outras.»

Obras do autor:

Poesia

Acédia (1990)
A Escada de Jacob (1993)
Às Cegas (1997)
Poesia Reunida – 1990/2000 (2000)

Ensaio

O Mosaico Fluido – Modernidade e Pós-modernidade na Poesia Portuguesa (1991)
Na Órbita de Saturno – Cinco Ensaios e uma Paráfrase (1992)

Tradução de Poesia

As Flores do Mal, de Baudelaire (1992)
Poemas Saturnianos e Outros, de Verlaine (1994)
Obras Completas, de Jorge Luis Borges (1998/99)

Divulgação

100 Livros do Século (1998)

Para ouvir alguns poemas.

Mais um poema.