PASSEIO ALEGRE

 

Chegaram tarde à minha vida

as palmeiras. Em Marraquexe vi uma

que Ulisses teria comparado

a Nausica, mas só

no jardim do Passeio Alegre

comecei a amá-las. São altas

como os marinheiros de Homero.

Diante do mar desafiam os ventos

vindos do norte e do sul,

do leste e do oeste,

para as dobrar pela cintura.

Invulneráveis — assim nuas.

Eugénio de Andrade

Rente ao Dizer (1992)

In Poesia

Porto, Fundação Eugénio de Andrade, 2000



EUGÉNIO DE ANDRADE

 

Eugénio de Andrade (pseudónimo literário de José Fontinhas) nasceu em 1923 em Póvoa da Atalaia, no concelho do Fundão, na Beira Baixa.

Viveu em Lisboa e em Coimbra. Em 1946, regressou a Lisboa, ingressando nos quadros dos Serviços Médico-Sociais. Em 1950, foi transferido para o Porto, onde fixou residência.

Autor de uma vasta obra poética, traduzida no estrangeiro, Eugénio de Andrade é igualmente responsável por algumas traduções para português e de várias antologias poéticas, como aquela que dedicou ao Porto (Daqui Houve Nome Portugal, 1968), a cidade presente na sua vida e na sua obra.

Entre outros prémios, recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro O Outro Nome da Terra, publicado em 1988. Em 1990, foi criada a Fundação Eugénio de Andrade, no Porto. Em 2001, o poeta foi distinguido com o Prémio Camões.

 

 

Alguns destaques na obra de E. de Andrade:

 

As Mãos e os Frutos (1948)

Os Amantes sem Dinheiro (1950)

As Palavras Interditas (1951)

O Coração do Dia (1958)

Ostinato Rigore (1964)

Véspera da Água (1973)

Limiar dos Pássaros (1976)

Memória de Outro Rio (1978)

O Outro Nome da Terra (1988)

Rente ao Dizer (1992)

O Sal da Língua (1995)

Os Sulcos da Sede (2001)

Com o Sol em Cada Sílaba (2002)

 

 

 

Sobre a poesia de Eugénio de Andrade.


© Instituto Camões, 2002