Das Quatro Estações - O Outono
Para escutar um excerto de Vivaldi,
As Quatro Estações - Outono

FELES

Por todo um Inverno,

O amor lhe dilacerou o ventre,

Com fundas garras de gelo.

E a Primavera zumbiu,

Sobre sua cabeça,

Numa vertigem de pólen.

Senta-se agora,

Junto à lareira do Outono,

E é um bule de porcelana.

Mário Cláudio
Dois Equinócios
Porto, Campo das Letras, 1996


Mário Cláudio

Poeta, ficcionista e ensaísta, Mário Cláudio é o pseudónimo literário de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, que nasceu em 1941, no Porto.

Em 1969, revelou-se como poeta com Ciclo de Cypris, impondo-se definitivamente com Estâncias (1980) e Terra Sigillata (1982).

A sua escrita, poesia ou ficção, é, por vezes, considerada de extrema densidade, mas é sempre fascinante pelos seus inovadores moldes sintácticos e pela variedade de pressupostos culturais para que remete o leitor.

Entre os prémios que recebeu, destacamos o «Grande Prémio do Romance e da Novela» da Associação Portuguesa de Escritores, em 1985,  por Amadeo, inspirado na figura de Amadeu de Sousa-Cardoso. Recebeu também, em 2001,  o «Grande Prémio da Crónica»  da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro A Cidade no Bolso.

Mário Cláudio faz parte do grupo dos maiores ficcionistas portugueses contemporâneos.

 

Algumas obras

Poesia:

Sete Solstícios (1972)

A Voz e as Vozes (1977)

Ilha do Oriente (1988)

 

Teatro:

Noites de Anto (1988)

 

Narrativa e Ficção:

Damascena (1983)

Amadeo (1984)

Duas Histórias do Porto (1986)

A Quina das Virtudes (1990)

Tocata para Dois Clarins (1992)

 

Ensaio:

Para o Estudo do Analfabetismo e da Relutância à Leitura em Portugal (1979)

 

Crónicas:

O Outro Génesis (1988)

A Cidade no Bolso (2000)

 

Literatura Infantil:

Olga e Cláudio (1984)

 

 Algumas notícias sobre o autor e a obra.

 Alguma polémica. 


© Instituto Camões, 2002