Paisagens Num pálido desmaio a luz do dia afrouxa E põe, na face triste, um véu de seda roxa... Nuvens, a escorrer sangue, esvoaçam, no poente. E num ermo, que o outono adora eternamente, Vê-se velhinha casa, em ruínas de tristeza, Onde o espectro do vento, às horas mortas, reza E o luar se condensa em vultos de segredo... Almas da solidão, sombras que fazem medo, Vidas que o sol antigo, um outro sol, doirou, Fumo ainda a subir dum lar que se apagou.
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Sobre a poesia de TEIXEIRA DE PASCOAES «A poesia de Pascoaes é o labor suado da pedra, a paciente e laboriosa construção catedralesca, mas também o despojado vazio de uma pura geometrização, muito ciosa de uma transcendentalidade branca, indefinível e eternamente desconhecida, ateísta mesmo, o artefacto lúdico e irónico, refractário de todo à mercantilização da cultura (que bem pode passar por ser hoje, na arte e na literatura, a contra-utopia orwelliana do pós-modernismo finissecular).» António Cândido Franco (introdução à edição de Belo. À Minha Alma. Sempre. Terra Proibida, Lisboa, Assírio & Alvim, 1996)
Ouvir alguns poemas. |
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