Poema tirado de uma notícia de jornal



João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro

[da Babilônia num barracão sem número.

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.


Manuel Bandeira
Libertinagem (1930)
In Poesia Completa e Prosa
Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1990


MANUEL BANDEIRA

 

Poeta brasileiro, nasceu no Recife, Pernambuco, em 1886.

Poeta, cronista, crítico, historiador literário e professor, Manuel Bandeira aliou o humor e a ironia a uma profunda sensibilidade.

Em 1903, matriculou-se na Escola Politécnica de S. Paulo para seguir Arquitectura, mas a doença fê-lo abandonar o projecto no ano seguinte.

Fez a sua estreia na literatura em 1917 com A Cinza das Horas. Em 1924, Ritmo Dissoluto transformou Manuel Bandeira num dos grandes nomes do Modernismo.

Apesar das várias curas de tuberculose que necessitou de fazer, a sua vida foi longa. Faleceu em Outubro de 1968, no Rio de Janeiro.


Algumas obras:

 

Poesia

Cinza das Horas (1917)

Carnaval (1919)

Belo Belo (1948)

Mafuá do Malungo (1949)

Estrela da Vida Inteira (1966)


Prosa
Crónicas da Província do Brasil (1936)

Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica (1937)

Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana (1938)

Noções de História das Literaturas (1940)

Itinerário de Pasárgada (1954) - memórias

De Poetas e de Poesia (1957) - crítica

Andorinha, Andorinha (1966) - crónicas



Para saber mais sobre Manuel Bandeira.
Para ler alguns poemas.


© Instituto Camões, 2002