Fado

Porque é que Adeus me disseste

Ontem e não noutro dia,

Se os beijos que, ontem, me deste

Deixaram a noite fria?

Para quê voltar atrás

A uma esperança perdida?

As horas boas são más

Quando chega a despedida.

Meu coração já não sente.

Sei lá bem se já te vi!

Lembro-me de tanta gente

Que nem me lembro de ti.

Quem és tu que mal existes?

Entre nós, tudo acabou.

Mas pelos meus olhos tristes

Poderás saber quem sou!

Pedro Homem de Mello

Fandangueiro (1971)

In Poesias Escolhidas

Lisboa, INCM, 1983


PEDRO HOMEM DE MELLO

Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello nasceu em 1904, no Porto. Frequentou a Universidade de Coimbra e a Universidade de Lisboa, onde se formou em Direito. Foi advogado e professor, exercendo funções de direcção de uma escola, no Porto. Notabilizou-se como poeta, tentando conciliar a expressão metafórica elaborada com a tradição popular, o paganismo com a formação católica, a expressão do corpo - às vezes erótica - com valores religiosos. Nem sempre essa conciliação é conseguida e pacífica. Manifestou interesse pelo folclore e pelas danças populares, escrevendo sobre estes assuntos.

Morreu em 1984, no Porto.


Algumas obras:

Poesia

Caravela ao Mar (1934)

Jardins Suspensos (1937)

Segredo (1939)

Pecado (1942)

Os Amigos Infelizes (1952)

Grande, Grande era a Cidade (1955)

Eu hei-de voltar um dia (1966)

Poesias Escolhidas (1983)

Ensaio

A Poesia na Dança e nos Cantares do Povo Português (1941)

Danças Portuguesas (1951)

Danças de Portugal (1961)

Folclore (1971)


Amália canta Pedro Homem de Mello


© Instituto Camões, 2003