Pedras

Eu canto estas pedras de fio,

Este areal de aves esquecidas.

Passo por ti sem ver as rosas, a flor que pelos olho esvoaça.

Eu canto como se aqui fosse uma praça,

Uma praça coberta de cadáveres

E o teu rasgado pelo ventre

Fosse um cadáver mais por entre os dedos.

Por isso é que esta dor não pode ser poema.

Por isso é que não pode ser uma palavra.

Mário Contumélias

Sou deste mar

Lisboa, Litexa, 1983


MÁRIO CONTUMÉLIAS

Nasceu em Setúbal, em 3 de Junho de 1948.

Jornalista profissional, iniciou a sua carreira no suplemento literário juvenil do Diário de Lisboa. Escreveu letras para canções e, apesar de ter desenvolvido uma intensa actividade no domínio da canção, a actividade de jornalista sempre se sobrepôs à de escritor.


Algumas obras

Uma mão cheia de histórias (1985)

O Ofício das Coisas (1986)

Contos da gaivota barriguda (1987)

O Pai Natal aprendiz (1988)

Versinhos de brincar (1988)

Conversas à quinta-feira (1991)


Festival RTP da canção 1978, poema de Mário Contumélias.

Festival RTP da canção 1981, poema de Mário Contumélias.


© Instituto Camões, 2003