Melancolia Os papéis falam uns com os outros Sobre esta mesa onde a sombra cai A lâmpada esquecida tem remorsos Da luz que antes lhe deu que se esvai. Nas paredes que antes quadros coloriram Sobre papel sedoso de ramagens Ecoam dias em que vozes riram Jarras de cristal com flores selvagens. Já partidos os vidros nas janelas A glicínia sobre os muros sinuosa Conforme o sol ondula se reclina Ervas crescem no jardim por elas Pois já nenhuma mão colhe sua rosa. Tudo se abandona a ser em ruína. Bernardo Pinto de Almeida Hotel Spleen Lisboa, Quetzal, 2003 |
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BERNARDO PINTO DE ALMEIDA Nasceu no Porto, em 1954. Poeta, crítico de Arte e Literatura, professor de História e Teoria da Arte na Faculdade de Belas Artes no Porto. Autor de extensa obra ensaística no âmbito das artes visuais, começou a publicar poesia nos anos 80, ao que se seguiu um longo interregno. Em 2002, retomou a actividade de poeta. A propósito de Hotel Spleen, disse Eduardo Prado Coelho: «Bernardo Pinto de Almeida é um corredor de fundo, e algumas das melhores páginas deste livro resultam de poemas de grande extensão que se vão estruturando numa cadência de palavras e de obsessões que acabam por envolver o leitor de um modo irrecusável.»
Obras: Poesia Escalas (1981) As Sublimes Súplicas (1988) Sem Título (2002) E outros Poemas (2002) Depois de Tudo recebeu o nome de Luz ou de Noite (2002) Hotel Spleen (2003) Ensaio João Machado e a Criação Visual (2000) As Imagens e as Coisas (2002) Pintura Portuguesa do Séc. XX (2002) Transição Cíclopes, Mutantes, Apocalípticos (2003) Literatura infanto-juvenil Aventuras do Pato Raimundo (2000) A Última Obra do Pintor (2002) O Natal do Pedro (2002) Para ler o ensaio «Rastos, Restos e Rostos». Crítica de Arte, por Bernardo Pinto de Almeida. |
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