Natal Africano Não há pinheiros nem há neve, Nada do que é convencional, Nada daquilo que se escreve Ou que se diz... Mas é Natal. Que ar abafado! A chuva banha A terra, morna e vertical. Plantas da flora mais estranha, Aves da fauna tropical. Nem luz, nem cores, nem lembranças Da hora única e imortal. Somente o riso das crianças Que em toda a parte é sempre igual. Não há pastores nem ovelhas, Nada do que é tradicional. As orações, porém, são velhas E a noite é Noite de Natal. Cabral do Nascimento Obra Poética Porto, Edições Asa, 2003 |
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JOÃO CABRAL DO NASCIMENTO Nasceu a 22 de Março de 1897, no Funchal. Poeta, colaborador de importantes jornais e revistas da sua época, investigador da história dos princípios do povoamento das ilhas da Madeira e dos Açores, foi também professor. Frequentou a Faculdade de Direito de Lisboa e de Coimbra (1915-1922). Em 1923, já no Funchal, ensinou na Escola Industrial e Comercial. Em 1937, fixou residência em Lisboa e ensinou nas escolas Ferreira Borges e Veiga Beirão até se aposentar, em 1958. Muitas vezes sob o pseudónimo Mário Gonçalves, traduziu para português vários nomes importantes da literatura inglesa, norte-americana e francesa. Faleceu a 2 de Março de 1978, em Lisboa. Algumas obras Poesia As Três Princesas Mortas num Palácio em Ruínas (1916) Cancioneiro (1963) Descaminho (1969) Cancioneiro (1976) Antologias Líricas Portuguesas (1945) Colectânea de versos Portugueses do Século XII ao Século XX (1964) A Madeira (s/d) Obra Histórica Apontamentos de História das Capitanias da Madeira (1930) Genealogia da Família Medina da Ilha da Madeira (1930) A Restauração de Portugal e o Convento da Incarnação (1940) “Brasil”, um poema de Cabral do Nascimento |
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