titletitleAprender a brincar <subtitle type="text"></subtitle> <link rel="alternate" type="text/html" href="http://cvc.instituto-camoes.pt"/> <id>http://cvc.instituto-camoes.pt/</id> <updated>2024-04-06T10:09:44+00:00</updated> <author> <name>Centro Virtual Camões</name> <email>naoresponder.plataforma.cvc@fbapps.pt</email> </author> <generator uri="http://joomla.org" version="1.6">Joomla! - Open Source Content Management</generator> <link rel="self" type="application/atom+xml" href="http://cvc.instituto-camoes.pt/regresso-a-cupula-da-pena-dp6.html?format=feed&type=atom"/> <entry> <title>Sabia que? <link rel="alternate" type="text/html" href="http://cvc.instituto-camoes.pt/regresso-a-cupula-da-pena/sabia-que-17502-dp8.html"/> <published>2011-03-28T10:39:31+00:00</published> <updated>2011-03-28T10:39:31+00:00</updated> <id>http://cvc.instituto-camoes.pt/regresso-a-cupula-da-pena/sabia-que-17502-dp8.html</id> <author> <name>Luís Morgado</name> <email>luis.morgado@instituto-camoes.pt</email> </author> <summary type="html"><p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">SABIA QUE...</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Sintra é Património Mundial da UNESCO desde 6 de dezembro de 1995?<br />Destacando-se pelo património cultural que oferece, <a href="http://www.cm-sintra.pt/">Sintra </a>exibe luxuosos palácios e magníficas quintas, numerosos monumentos religiosos, galerias de arte e vastos espólios reunidos nos diversos museus do concelho.</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Famosa pelo seu ambiente romântico e apelativo da sensibilidade, foi fonte de inspiração para escritores e artistas, portugueses e estrangeiros. Lord Byron  sentia-se sensorialmente influenciado pelo ambiente místico e mítico que envolvia Sintra. Eça de Queirós reconhecia a magnificência  do local, conferindo-lhe uma visão pessoal e emotiva, que recordamos sob a expressão «Sintra Queirosiana». Pode fazer uma <a href="excvirt/sintra/index.html">excursão virtual</a> a Sintra no sítio do Centro Virtual Camões. </span></p></summary> <content type="html"><p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">SABIA QUE...</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Sintra é Património Mundial da UNESCO desde 6 de dezembro de 1995?<br />Destacando-se pelo património cultural que oferece, <a href="http://www.cm-sintra.pt/">Sintra </a>exibe luxuosos palácios e magníficas quintas, numerosos monumentos religiosos, galerias de arte e vastos espólios reunidos nos diversos museus do concelho.</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Famosa pelo seu ambiente romântico e apelativo da sensibilidade, foi fonte de inspiração para escritores e artistas, portugueses e estrangeiros. Lord Byron  sentia-se sensorialmente influenciado pelo ambiente místico e mítico que envolvia Sintra. Eça de Queirós reconhecia a magnificência  do local, conferindo-lhe uma visão pessoal e emotiva, que recordamos sob a expressão «Sintra Queirosiana». Pode fazer uma <a href="excvirt/sintra/index.html">excursão virtual</a> a Sintra no sítio do Centro Virtual Camões. </span></p></content> <category term="Regresso à Cúpula da Pena" /> </entry> <entry> <title>Quem escreveu 2011-03-28T10:28:16+00:00 2011-03-28T10:28:16+00:00 http://cvc.instituto-camoes.pt/regresso-a-cupula-da-pena/quem-escreveu-5136-dp8.html Luís Morgado luis.morgado@instituto-camoes.pt <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">JOSÉ  RODRIGUES  MIGUÉIS</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><br />Nasceu em Lisboa em 1901.<br />Formado em Direito na Universidade de Lisboa, veio, posteriormente, a formar-se em Ciências Pedagógicas na Universidade de Bruxelas.<br />Colaborador em jornais e revistas, foi advogado, professor do ensino secundário, tornando-se, igualmente, reconhecido orador e ideólogo político.<br />Sentindo o peso da censura salazarista, expatriou-se para os Estados Unidos da América, onde acabou por falecer, em 1980, depois de ter ainda vivido algum tempo em Portugal e no Brasil.<br /><br />Da sua obra destaca-se <em>Léah e Outras Histórias </em>(1958), contos e novelas que projetaram o autor, impondo-o como um dos grandes nomes entre os prosadores do seu tempo. Objeto de inúmeras traduções, a sua obra tem inspirado também numerosos artigos e  estudos universitários.<br /><br />Veja ainda:<br /><br />Uma apresentação de José Rodrigues Miguéis.<br /><a href="http://static.publico.pt/vasco/images/joserodriguesmigueis.gif">A caricatura de José Rodrigues Miguéis  por Vasco</a>. </span></p> <p></p> <p>[Recuperar Links]</p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">JOSÉ  RODRIGUES  MIGUÉIS</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><br />Nasceu em Lisboa em 1901.<br />Formado em Direito na Universidade de Lisboa, veio, posteriormente, a formar-se em Ciências Pedagógicas na Universidade de Bruxelas.<br />Colaborador em jornais e revistas, foi advogado, professor do ensino secundário, tornando-se, igualmente, reconhecido orador e ideólogo político.<br />Sentindo o peso da censura salazarista, expatriou-se para os Estados Unidos da América, onde acabou por falecer, em 1980, depois de ter ainda vivido algum tempo em Portugal e no Brasil.<br /><br />Da sua obra destaca-se <em>Léah e Outras Histórias </em>(1958), contos e novelas que projetaram o autor, impondo-o como um dos grandes nomes entre os prosadores do seu tempo. Objeto de inúmeras traduções, a sua obra tem inspirado também numerosos artigos e  estudos universitários.<br /><br />Veja ainda:<br /><br />Uma apresentação de José Rodrigues Miguéis.<br /><a href="http://static.publico.pt/vasco/images/joserodriguesmigueis.gif">A caricatura de José Rodrigues Miguéis  por Vasco</a>. </span></p> <p></p> <p>[Recuperar Links]</p> Ler o texto 2011-03-28T10:26:21+00:00 2011-03-28T10:26:21+00:00 http://cvc.instituto-camoes.pt/regresso-a-cupula-da-pena/ler-o-texto-46988-dp14.html Luís Morgado luis.morgado@instituto-camoes.pt <span style="font-family: arial; font-size: x-small;">REGRESSO À CÚPULA DA PENA [excerto]<br /><br /><br />Nisto, uma tropa de viajantes apressados, ajoujados de malas e sacos, atravessou o largo de corrida, a caminho da estação. Olhei o relógio lá em cima, e conferi as horas no pulso: «À 1.50 sai o rápido de Sintra», comentei. E dei um pulo. O cavalheiro que, na mesa ao lado, se esforçava por ler nas entrelinhas do jornal, sobressaltou de medo, receando talvez uma agressão. Paguei a despesa, e, atrás do grupo, que já subia os degraus da entrada, deitei a correr através do largo cheio de sol e de estrépito.<br />Fui direito à bilheteira:<br />― Sintra, ida e volta. Ainda apanho o rápido?<br />O empregado olhou o relógio e respondeu com placidez: <br />― Tem cinco minutos.<br />Era então certo! Surpreendido e feliz, impaciente como há vinte anos com a lentidão dos ascensores, subi a dois e dois a escadaria. Era como se tivesse acertado com o número da sorte grande, um júbilo estranho, esta certeza tão minha de que alguma coisa continuava, um segredo só entre mim e o mundo do meu regresso... Daí a momentos, encaixado por milagre na carruagem de segunda, com este grato sabor de fumarada na língua, tornei a ouvir o apito nostálgico da locomotiva, o mesmo de há... «Mas que seca!», pensei. «Deixe o que lá vai! Hoje é hoje!»<br />Aqueles passeios a Sintra tinham sido sempre o meu regalo. Amava as hortas, as praias, os toiros, o futebol: mas sempre que me apetecia fugir deste simulacro de Inferno aberto em Céu ― Sintra comigo. Por lá andava todo o santo dia, de chapéu na mão, assobio na boca, a boa sombra, Seteais, as fontes, almoço no Lawrence (ou no Pombinha, conforme o orçamento), depois os Capuchos, as ruínas, a Pena... Cheguei mesmo a dormir uma noite, sozinho, nas ameias do Castelo dos Mouros. Foi no Verão, não há memória dum Agosto assim tão quente. A coisa mais extraordinária, nunca o hei-de esquecer, foi que o Sol se pôs no mesmo instante em que a Lua rompeu, e vinha cheia! Um espectáculo como nunca vi outro, nem sol da meia-noite, nem auroras boreais. Eram dois sóis, qual deles o maior, qual o mais vermelho, suspensos no horizonte, em lados opostos do mundo. Parecia uma alucinação ou um caso de espelhismo natural. Durante instantes tive a ilusão dum «fenómeno» ou cataclismo: o universo parava, e ficava retido entre aqueles dois bugalhos enormes de luz vermelha e baça... Depois o Sol afundou-se, e a Lua subiu, empalideceu, esfriou, fez-se uma lua de balada à Soares de Passos. Enfim, lá fiquei essa noite, e por sinal que me fartei de bater os queixos com frio, sem sobretudo, no Agosto mais quente de que rezam lendas encantadas.<br />E aqui vou eu agora a caminho de Sintra, sem mais nem menos, só porque uma tropa fandanga se lembrou de atravessar o largo, à hora a que dantes havia um rápido, e eu ali sentado a remoer problemas na esplanada do Suisso! Olhando a paisagem dura do Cacém, ocorreu-me esta pergunta estúpida: «Se ainda haverá cisnes pretos no lago?»<br />Chegado a Sintra, desentorpeci as pernas andando até à vila. O que sempre me atraía ali eram sobretudo as verduras, as sombras, as fontes, a paisagem, a altitude. Postado agora na arcaria ogival do Palácio Real, olhei o alto da Pena, e quis ter asas para galgar os penhascos, roçar os cimos do arvoredo, ir poisar naquelas torres e ameias dignas do Walt Disney. Mas, com franqueza, nem asas, nem pernas. Vista cá de baixo, da vila, a Pena pareceu-me um caso de respeito, ninho de águias, rochedo mitológico, amontoado de ciclopes exasperados, de garras crispadas, a agatanhar o céu. Como é que eu pude outrora trepar aquilo a pé, depois da caminhada desde Lisboa, como cheguei a fazer? E o que é que me atraía agora lá acima, que memória, que enamorado pensamento, que secreto desejo, anseio de galgar o hiato do tempo, desgarradora saudade ou largueza de vistas? Porque era ali que a vontade me estava chamando.<br />Corri a tomar uma tipóia que envelhecia no largo, agarrada às pilecas, e mandei bater para a Pena. Não, nem Seteais, nem Capuchinhos, nem sequer a Cruz Alta: a Pena! Daí a pouco, perna cruzada, chapéu no regaço, assobio na boca, a alma à larga, a brisa fresca no suor da calva ― por entre o gemer das molas e o bufar das bestas gastas, eu trepava a serra das serras. Mandei parar nas fontes e bebi, repetindo os gestos consabidos de quem refaz um velho conhecimento ou pratica um ritual.<br /><br /><br /></span> <div style="text-align: right;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">José Rodrigues Miguéis, <em>Léah e Outras Histórias</em>, Lisboa, Editorial Estampa, 1997 (11ª ed.)</span></div> <span style="font-family: arial; font-size: x-small;">REGRESSO À CÚPULA DA PENA [excerto]<br /><br /><br />Nisto, uma tropa de viajantes apressados, ajoujados de malas e sacos, atravessou o largo de corrida, a caminho da estação. Olhei o relógio lá em cima, e conferi as horas no pulso: «À 1.50 sai o rápido de Sintra», comentei. E dei um pulo. O cavalheiro que, na mesa ao lado, se esforçava por ler nas entrelinhas do jornal, sobressaltou de medo, receando talvez uma agressão. Paguei a despesa, e, atrás do grupo, que já subia os degraus da entrada, deitei a correr através do largo cheio de sol e de estrépito.<br />Fui direito à bilheteira:<br />― Sintra, ida e volta. Ainda apanho o rápido?<br />O empregado olhou o relógio e respondeu com placidez: <br />― Tem cinco minutos.<br />Era então certo! Surpreendido e feliz, impaciente como há vinte anos com a lentidão dos ascensores, subi a dois e dois a escadaria. Era como se tivesse acertado com o número da sorte grande, um júbilo estranho, esta certeza tão minha de que alguma coisa continuava, um segredo só entre mim e o mundo do meu regresso... Daí a momentos, encaixado por milagre na carruagem de segunda, com este grato sabor de fumarada na língua, tornei a ouvir o apito nostálgico da locomotiva, o mesmo de há... «Mas que seca!», pensei. «Deixe o que lá vai! Hoje é hoje!»<br />Aqueles passeios a Sintra tinham sido sempre o meu regalo. Amava as hortas, as praias, os toiros, o futebol: mas sempre que me apetecia fugir deste simulacro de Inferno aberto em Céu ― Sintra comigo. Por lá andava todo o santo dia, de chapéu na mão, assobio na boca, a boa sombra, Seteais, as fontes, almoço no Lawrence (ou no Pombinha, conforme o orçamento), depois os Capuchos, as ruínas, a Pena... Cheguei mesmo a dormir uma noite, sozinho, nas ameias do Castelo dos Mouros. Foi no Verão, não há memória dum Agosto assim tão quente. A coisa mais extraordinária, nunca o hei-de esquecer, foi que o Sol se pôs no mesmo instante em que a Lua rompeu, e vinha cheia! Um espectáculo como nunca vi outro, nem sol da meia-noite, nem auroras boreais. Eram dois sóis, qual deles o maior, qual o mais vermelho, suspensos no horizonte, em lados opostos do mundo. Parecia uma alucinação ou um caso de espelhismo natural. Durante instantes tive a ilusão dum «fenómeno» ou cataclismo: o universo parava, e ficava retido entre aqueles dois bugalhos enormes de luz vermelha e baça... Depois o Sol afundou-se, e a Lua subiu, empalideceu, esfriou, fez-se uma lua de balada à Soares de Passos. Enfim, lá fiquei essa noite, e por sinal que me fartei de bater os queixos com frio, sem sobretudo, no Agosto mais quente de que rezam lendas encantadas.<br />E aqui vou eu agora a caminho de Sintra, sem mais nem menos, só porque uma tropa fandanga se lembrou de atravessar o largo, à hora a que dantes havia um rápido, e eu ali sentado a remoer problemas na esplanada do Suisso! Olhando a paisagem dura do Cacém, ocorreu-me esta pergunta estúpida: «Se ainda haverá cisnes pretos no lago?»<br />Chegado a Sintra, desentorpeci as pernas andando até à vila. O que sempre me atraía ali eram sobretudo as verduras, as sombras, as fontes, a paisagem, a altitude. Postado agora na arcaria ogival do Palácio Real, olhei o alto da Pena, e quis ter asas para galgar os penhascos, roçar os cimos do arvoredo, ir poisar naquelas torres e ameias dignas do Walt Disney. Mas, com franqueza, nem asas, nem pernas. Vista cá de baixo, da vila, a Pena pareceu-me um caso de respeito, ninho de águias, rochedo mitológico, amontoado de ciclopes exasperados, de garras crispadas, a agatanhar o céu. Como é que eu pude outrora trepar aquilo a pé, depois da caminhada desde Lisboa, como cheguei a fazer? E o que é que me atraía agora lá acima, que memória, que enamorado pensamento, que secreto desejo, anseio de galgar o hiato do tempo, desgarradora saudade ou largueza de vistas? Porque era ali que a vontade me estava chamando.<br />Corri a tomar uma tipóia que envelhecia no largo, agarrada às pilecas, e mandei bater para a Pena. Não, nem Seteais, nem Capuchinhos, nem sequer a Cruz Alta: a Pena! Daí a pouco, perna cruzada, chapéu no regaço, assobio na boca, a alma à larga, a brisa fresca no suor da calva ― por entre o gemer das molas e o bufar das bestas gastas, eu trepava a serra das serras. Mandei parar nas fontes e bebi, repetindo os gestos consabidos de quem refaz um velho conhecimento ou pratica um ritual.<br /><br /><br /></span> <div style="text-align: right;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">José Rodrigues Miguéis, <em>Léah e Outras Histórias</em>, Lisboa, Editorial Estampa, 1997 (11ª ed.)</span></div>