titletitleAtividades didáticas <subtitle type="text"></subtitle> <link rel="alternate" type="text/html" href="http://cvc.instituto-camoes.pt"/> <id>http://cvc.instituto-camoes.pt/</id> <updated>2024-12-31T02:39:10+00:00</updated> <author> <name>Centro Virtual Camões</name> <email>naoresponder.plataforma.cvc@fbapps.pt</email> </author> <generator uri="http://joomla.org" version="1.6">Joomla! - Open Source Content Management</generator> <link rel="self" type="application/atom+xml" href="http://cvc.instituto-camoes.pt/revolucao-dp8.html?format=feed&type=atom"/> <entry> <title>Sabia que? <link rel="alternate" type="text/html" href="http://cvc.instituto-camoes.pt/revolucao/sabia-que-90631-dp7.html"/> <published>2011-03-28T08:54:15+00:00</published> <updated>2011-03-28T08:54:15+00:00</updated> <id>http://cvc.instituto-camoes.pt/revolucao/sabia-que-90631-dp7.html</id> <author> <name>Luís Morgado</name> <email>luis.morgado@instituto-camoes.pt</email> </author> <summary type="html"><p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Existem muitas fotografias dos primeiros momentos da revolução, quando os militares ocuparam o Terreiro do Paço, na baixa lisboeta.<br />As Fotografias do dia 25 de Abril<br />http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/opm_po/opm.htm<br /><br />Pouco tempo depois, os militantes dos partidos políticos começaram a pintar murais nas paredes das cidades. Alguns destes murais tornaram-se conhecidos e foram fotografados.<br />O Mural Parede do Cine clube universitário de Lisboa: http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/murais/<br /><br />Surgiram caricaturas dos dirigentes políticos que ficaram célebres nos «cartoons»:<br />«Cartoons»:<br />http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/cartoon/index.html<br /><br />Os artistas plásticos desenvolveram trabalhos a lembrar este momento histórico:<br />Trabalhos de Artistas Plásticos:<br />http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/artplas.html</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><br /></span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">[Linkar a: http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=HomePage]<br /></span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><br /></span></p> <p></p> <p></p></summary> <content type="html"><p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Existem muitas fotografias dos primeiros momentos da revolução, quando os militares ocuparam o Terreiro do Paço, na baixa lisboeta.<br />As Fotografias do dia 25 de Abril<br />http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/opm_po/opm.htm<br /><br />Pouco tempo depois, os militantes dos partidos políticos começaram a pintar murais nas paredes das cidades. Alguns destes murais tornaram-se conhecidos e foram fotografados.<br />O Mural Parede do Cine clube universitário de Lisboa: http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/murais/<br /><br />Surgiram caricaturas dos dirigentes políticos que ficaram célebres nos «cartoons»:<br />«Cartoons»:<br />http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/cartoon/index.html<br /><br />Os artistas plásticos desenvolveram trabalhos a lembrar este momento histórico:<br />Trabalhos de Artistas Plásticos:<br />http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/artplas.html</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><br /></span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">[Linkar a: http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=HomePage]<br /></span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><br /></span></p> <p></p> <p></p></content> <category term="«Revolução»" /> </entry> <entry> <title>Quem escreveu 2011-03-28T08:42:41+00:00 2011-03-28T08:42:41+00:00 http://cvc.instituto-camoes.pt/revolucao/quem-escreveu-59724-dp4.html Luís Morgado luis.morgado@instituto-camoes.pt José Gomes Ferreira (1900-1985)<br /><br />Nasceu  em 1900. Estudou no Porto mas em 1919 ingressa na Faculdade de Direito de Lisboa, licenciando-se cinco anos depois. Foi cônsul de Portugal em Kristiansund (Noruega) de 1926 a1930. A partir de 1931 inicia a sua longa carreira de «poeta militante». Colaborou com as revistas «Presença» e «Seara Nova». Mais tarde associou-se à geração do «Novo Cancioneiro». Organizou, em conjunto com Carlos de Oliveira, uma coletânea sobre Literatura Oral e Tradicional (que foi ilustrada por Maria Keil). Da sua obra constam seis volumes de poesia. Publicou, igualmente, várias obras de ficção, a destacar: O Mundo dos Outros (1950), Aventuras Maravilhosas de João sem Medo (1963), Tempo Escandinavo (1969) e O Irreal Quotidiano (1971).<br /><br />Alguns dos seus poemas foram musicados pelo compositor Fernando Lopes Graça.<br />http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/lopesgraca-acordai.html<br /><br />Sobre o movimento dos poetas do Novo Cancioneiro consulte<br />http://www.citi.pt/cultura/temas/novo_cancioneiro.html<br /><br />Outros poetas<br />http://www.terravista.pt/meiapraia/2425/<br /> José Gomes Ferreira (1900-1985)<br /><br />Nasceu  em 1900. Estudou no Porto mas em 1919 ingressa na Faculdade de Direito de Lisboa, licenciando-se cinco anos depois. Foi cônsul de Portugal em Kristiansund (Noruega) de 1926 a1930. A partir de 1931 inicia a sua longa carreira de «poeta militante». Colaborou com as revistas «Presença» e «Seara Nova». Mais tarde associou-se à geração do «Novo Cancioneiro». Organizou, em conjunto com Carlos de Oliveira, uma coletânea sobre Literatura Oral e Tradicional (que foi ilustrada por Maria Keil). Da sua obra constam seis volumes de poesia. Publicou, igualmente, várias obras de ficção, a destacar: O Mundo dos Outros (1950), Aventuras Maravilhosas de João sem Medo (1963), Tempo Escandinavo (1969) e O Irreal Quotidiano (1971).<br /><br />Alguns dos seus poemas foram musicados pelo compositor Fernando Lopes Graça.<br />http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/lopesgraca-acordai.html<br /><br />Sobre o movimento dos poetas do Novo Cancioneiro consulte<br />http://www.citi.pt/cultura/temas/novo_cancioneiro.html<br /><br />Outros poetas<br />http://www.terravista.pt/meiapraia/2425/<br /> Ler o texto 2011-03-28T08:40:17+00:00 2011-03-28T08:40:17+00:00 http://cvc.instituto-camoes.pt/revolucao/ler-o-texto-43483-dp14.html Luís Morgado luis.morgado@instituto-camoes.pt <span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Manhãzinha cedo, senti acordar-me o sopro da voz ciciada de minha mulher:<br />- 0 Fafe telefonou de Cascais, ... Lisboa está cercada por tropas…<br />Refilo, rabugento:<br />- Hã? (...)<br />Levanto-me preparado para o pesadelo de ouvir tombar pedras sobre cadáveres. Espreito através da janela. Pouca gente na rua. Apressada. Tento sintonizar a estação da Emissora Nacional. Nem um som. Em compensação o telefone vinga-se desesperadamente. Um polvo de pânico desdobra-se pelos fios. A campainha toca cada vez mais forte.<br />Agora é o Carlos de Oliveira.<br />- Está lá? Está lá? É você, Carlos? Que se passa?<br />Responde-me com uma pergunta qualquer do avesso.<br />Às oito da manhã o Rádio Clube emite um comunicado ainda pouco claro:<br />- Aqui, Posto de Comando das Forças Armadas. Não queremos derramar a mínima gota de sangue.<br />De novo o silêncio. Opressivo. De bocejo. Inútil. A olhar para o aparelho.<br />Custa-me a compreender que se trate de revolução. Falta-lhe o ruído, (onde acontecerá o espectáculo?), o drama, o grito. Que chatice!<br />A Rosália chama-me, nervosa:<br />- Outro comunicado na Rádio. Vem, depressa. Corro e ouço:<br />- Aqui o Movimento das Forças Armadas que resolveu libertar a Nação das forças que há muito a dominavam. Viva Portugal!<br />Também pede à policia que não resista. Mas Senhor dos Abismos!, trata-se de um golpe contra o fascismo (isto é: salazismo-caetanismo). São dez e meia e não acredito que os «ultras» não se mexam, não contra-ataquem! (...)<br /> A poetisa Maria Amélia Neto telefona-me: «Não resisti e vim para o escritório».<br />Os revoltosos estão a conferenciar com o ministro do Exército. Na Rádio a canção do Zeca Afonso: Grândola, vila morena ... Terra da fraternidade... 0 povo é quem mais ordena...<br />Sinto os olhos a desfazerem-se em lágrimas.<br /><br />De súbito, aliás, a Rádio abre-se em notícias. 0 Marcelo está preso no Quartel do Carmo. A polícia e a Guarda Republicana renderam-se. 0 Tomás está cercado noutro quartel qualquer. E, pela primeira vez, aparece o nome do General Spínola. Novo comunicado das Forças Armadas. 0 Marcelo ter-se-á rendido ao ex-governador da Guiné. (Lembro-me do Salazar: «o poder não pode cair na rua»).<br />Abro a janela e apetece-me berrar: acabou-se! acabou-se finalmente este tenebroso e ridículo regime de sinistros Conselheiros Acácios de fumo que nos sufocou durante anos e anos de mordaças. Acabou-se. Vai recomeçar tudo.<br /><br />A Maria Keil telefonou. 0 Chico está doente e sozinho em casa. Chora. (Nesta revolução as lágrimas são as nossas balas. Mas eu vi, eu vi, eu vi! (...)<br />Antes de morrer, a televisão mostrou-me um dos mais belos momentos humanos da História deste povo, onde os militares fazem revoluções para lhes restituir a liberdade: a saída dos prisioneiros políticos de Caxias.<br />Espectáculo de viril doçura cívica em que os presos... alguns torturados durante dias e noites sem fim.... não pronunciaram uma palavra de ódio ou de paixões de vingança.<br />E o telefone toca, toca, toca... Juntámos as vozes na mesma alegria. (...)<br />Saio de casa. E uma rapariga que não conheço, que nunca vi na vida, agarra-se a mim aos beijos.<br />Revolução.<br /><br /></span> <div style="text-align: right;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">José Gomes Ferreira</span><br /><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"> <em>Poeta Militante III - Viagem do Século Vinte em mim</em>, Lisboa, Moraes Editores, 1983</span></div> <span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Manhãzinha cedo, senti acordar-me o sopro da voz ciciada de minha mulher:<br />- 0 Fafe telefonou de Cascais, ... Lisboa está cercada por tropas…<br />Refilo, rabugento:<br />- Hã? (...)<br />Levanto-me preparado para o pesadelo de ouvir tombar pedras sobre cadáveres. Espreito através da janela. Pouca gente na rua. Apressada. Tento sintonizar a estação da Emissora Nacional. Nem um som. Em compensação o telefone vinga-se desesperadamente. Um polvo de pânico desdobra-se pelos fios. A campainha toca cada vez mais forte.<br />Agora é o Carlos de Oliveira.<br />- Está lá? Está lá? É você, Carlos? Que se passa?<br />Responde-me com uma pergunta qualquer do avesso.<br />Às oito da manhã o Rádio Clube emite um comunicado ainda pouco claro:<br />- Aqui, Posto de Comando das Forças Armadas. Não queremos derramar a mínima gota de sangue.<br />De novo o silêncio. Opressivo. De bocejo. Inútil. A olhar para o aparelho.<br />Custa-me a compreender que se trate de revolução. Falta-lhe o ruído, (onde acontecerá o espectáculo?), o drama, o grito. Que chatice!<br />A Rosália chama-me, nervosa:<br />- Outro comunicado na Rádio. Vem, depressa. Corro e ouço:<br />- Aqui o Movimento das Forças Armadas que resolveu libertar a Nação das forças que há muito a dominavam. Viva Portugal!<br />Também pede à policia que não resista. Mas Senhor dos Abismos!, trata-se de um golpe contra o fascismo (isto é: salazismo-caetanismo). São dez e meia e não acredito que os «ultras» não se mexam, não contra-ataquem! (...)<br /> A poetisa Maria Amélia Neto telefona-me: «Não resisti e vim para o escritório».<br />Os revoltosos estão a conferenciar com o ministro do Exército. Na Rádio a canção do Zeca Afonso: Grândola, vila morena ... Terra da fraternidade... 0 povo é quem mais ordena...<br />Sinto os olhos a desfazerem-se em lágrimas.<br /><br />De súbito, aliás, a Rádio abre-se em notícias. 0 Marcelo está preso no Quartel do Carmo. A polícia e a Guarda Republicana renderam-se. 0 Tomás está cercado noutro quartel qualquer. E, pela primeira vez, aparece o nome do General Spínola. Novo comunicado das Forças Armadas. 0 Marcelo ter-se-á rendido ao ex-governador da Guiné. (Lembro-me do Salazar: «o poder não pode cair na rua»).<br />Abro a janela e apetece-me berrar: acabou-se! acabou-se finalmente este tenebroso e ridículo regime de sinistros Conselheiros Acácios de fumo que nos sufocou durante anos e anos de mordaças. Acabou-se. Vai recomeçar tudo.<br /><br />A Maria Keil telefonou. 0 Chico está doente e sozinho em casa. Chora. (Nesta revolução as lágrimas são as nossas balas. Mas eu vi, eu vi, eu vi! (...)<br />Antes de morrer, a televisão mostrou-me um dos mais belos momentos humanos da História deste povo, onde os militares fazem revoluções para lhes restituir a liberdade: a saída dos prisioneiros políticos de Caxias.<br />Espectáculo de viril doçura cívica em que os presos... alguns torturados durante dias e noites sem fim.... não pronunciaram uma palavra de ódio ou de paixões de vingança.<br />E o telefone toca, toca, toca... Juntámos as vozes na mesma alegria. (...)<br />Saio de casa. E uma rapariga que não conheço, que nunca vi na vida, agarra-se a mim aos beijos.<br />Revolução.<br /><br /></span> <div style="text-align: right;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">José Gomes Ferreira</span><br /><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"> <em>Poeta Militante III - Viagem do Século Vinte em mim</em>, Lisboa, Moraes Editores, 1983</span></div>