Ângelo de Sousa

Ângelo de SousaMoçambique ¶ 1938

 

  Ângelo de Sousa
  Créditos fotográficos / Photographic credits:
Maria Antonieta - 1987

Formou-se como pintor na ESBAP e aí foi docente do curso de pintura durante quase quatro décadas. No período de 1967-68 residiu em Londres onde foi bolseiro do British Council. A sua carreira inicia-se nos anos 50 mas é a partir dos anos 60 que a obra de Ângelo de Sousa se começa a impor. Desde logo, a sua pintura visa a máxima simplificação e pureza formal, agindo com grande economia de meios. Tal é expresso tanto nos seus primórdios figurativos quanto no seu posterior percurso abstraccionista. Durante a década de 60, Ângelo de Sousa utiliza um vocabulário pictórico, em que elege determinados elementos, geralmente motivos naturais, que se mantêm constantes ao longo deste período: árvores, cavalos, plantas, flores, fontes, entre outros. Embora genericamente figurativos, estes trabalhos prenunciam já um posterior carácter minimal da sua obra, sendo que o pendor figurativo vai dar progressivamente lugar a uma cada vez maior depuração formal, no sentido de uma quase abstracção. Não é estranha a este percurso ascético uma exaustiva investigação tecnológica que o artista empreende paralelamente à sua prática pictórica, respeitante ao uso dos materiais e sua interacção, que se irá repercutir a nível formal e imagético. Em muitos trabalhos das duas últimas décadas, a aparente monocromia torna quase imperceptíveis as variações numa superfície pictórica em que a cor surge através de leves modelações. Nestas obras estabelece os contornos de uma rigorosa geometria através de subtis linhas, sugerindo em "trompe l'oeil" ora a projecção de volumes ora o regresso à superfície, num esbater das fronteiras entre forma e fundo. A percepção forma/fundo é também o assunto que aborda nos seus filmes experimentais dos anos 70, bem como a organicidade das superfícies que também irá explorar numa série de auto-retratos em 1971-72 que irá retomar em 1995. Aqui, através de arrastamento e desfocagem, transcende a forma em busca da textura e do volume. Ângelo de Sousa é, afinal e antes de mais, um explorador do cromatismo e das suas subtis matizes. Embora referenciado no minimalismo há algo do romantismo suprematista na sua exploração cromática.


Bibliografia

 

 

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