João Tabarra
João Tabarra Lisboa ¶ 1966
Créditos fotográficos / Photographic credits: Abílio Leitão |
Durante a primeira fase da sua carreira João Tabarra trabalhou em dupla com João Louro sob a sigla Entertainment Co. O percurso a solo de João Tabarra irá afirmar-se a partir da exposição What Type of Contestation Are We Asking For de 1997, em que o artista se elege a si próprio enquanto personagem de representação, após a morte do seu anterior objecto privilegiado João Ponte Diniz "Pilha Eléctrica", campeão de mínimos amadores de boxe de 1943, retratado para o políptico com o seu nome e para Portugueses na Europa de 1995, que foi a imagem da exposição Aperto da Bienal de Veneza do mesmo ano. ¶ Adoptando a t-shirt listrada dos marinheiros franceses imortalizada em Querelle – que é também a de Wally de Onde está o Wally e a de Jean Paul Gaultier – o artista posa quer em idílicos e irreais cenários quer em caóticas e violentas cenas reais onde o único traço de irrealidade é precisamente a sua presença. ¶ Tendo trabalhado como repórter fotográfico, a fotografia é predominante na obra de João Tabarra. No entanto, a marca da foto-reportagem só se torna relevante na exposição No Pain No Gain de 2000 que combina a crueza do realismo fotográfico com o delírio de uma encenação na qual uma fada travesti remexe em latas de lixo. O curto circuito entre o imaginário e o real e a inquietante estranheza que dele emana são um dos traços fundamentais da obra de João Tabarra. Outro será a recorrente alusão ao "terrain vague", o espaço de ninguém, como wasteland e wonderland, ou seja, como espaço de desolação e de possibilidade. ¶ O vídeo tem vindo a ganhar terreno na produção de João Tabarra, sendo as suas produções mais emblemáticas dos últimos anos realizadas neste medium. Mute Control, apresentado na Fundação de Serralves em 2000 e Barricades Improvisées de 2001 apresentam encenações de confronto entre o indivíduo e o colectivo. O momento de máxima tensão é, em ambos os vídeos, mantido em suspenso eternizando o "instante decisivo". ¶ O lado mais nostálgico da produção do artista retorna em Poço dos Murmúrios, apresentado na Bienal de São Paulo de 2002. As moedas da nova União Europeia são lançadas num poço enquando os desejos que as acompanham são mantidos em silêncio.
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