Joaquim Rodrigo
Joaquim Rodrigo Lisboa ¶ 1912 -1996 ¶ Lisboa
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Formado em Agronomia em 1939, o interesse de Joaquim Rodrigo pela pintura desenvolve-se já na idade adulta, circunstância que marca o carácter independente do seu percurso artístico. Apesar de autodidacta, o autor realizou nos anos 50, quando frequenta os cursos de pintura da SNBA, uma aproximação aos pressupostos de um modernismo que em Portugal teve rara expressão. Produzido a partir de um pessoalíssimo "projecto cognitivo", Rodrigo estabeleceu um sistema de prática pictórica bastante complexo. Descoberta a pintura modernista das vanguardas históricas como uma linguagem desenvolvida segundo um particular sistema semiológico, Rodrigo vai aliar então e para sempre as suas duas grandes fontes de informação: a ciência e a arte. O seu desígnio é entender a abstracção geométrica não já como uma transcendentalização metafísica, como no primeiro Kandinsky ou, de outro modo, em Mondrian ou Malevich, mas antes enquanto novo e radical conceito operatório. ¶ O quadro passa a ser entendido como espaço de investigação perceptiva, jogado a partir de uma arquitectura de composição diversa, buscando a essencialidade bidimensional da tela e recorrendo a fortes contrastes formais ou lumínicos, em oposições constantes entre linhas, formas puras ou orgânicas e cores complementares. Este projecto quase científico de abstracção determina a produção pictórica de Rodrigo durante toda a década de 50. ¶ Os anos 60 constituem para Rodrigo uma transição processual decisiva, optando primeiro pela valorização da cor na composição do quadro e, depois, pela criação de um vocabulário simbólico definidor de uma pintura onde a consciência política e social se mistura com as memórias pessoais ao convocar crípticos signos figurais e verbais. A leitura nesses anos do livro do antropólogo José Redinha, Paredes Pintadas da Lunda (1953), exerce sobre ele um fascínio que o aproxima de uma tradição narrativa não influenciada pelo mundo ocidental. Mais tarde elabora a teoria do Complementarismo em Pintura, laboriosa "contribuição para a ciência da arte" redigida entre 1976 e 1982, e persiste até ao fim da sua vida na defesa dessa teoria como método de um "pintar certo" capaz de transformar qualquer pessoa num potencial pintor.
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