Jorge Martins
Jorge MartinsLisboa ¶ 1940
Créditos fotográficos / Photographic credits: Abílio Leitão |
Frequenta, entre 1957 e 1961, os cursos de arquitectura e pintura da ESBAL e, em 1958, inicia uma actividade de gravura na SCGP. Em 1961 vai viver para Paris onde, entre 1965 e 1971, passa temporadas no atelier de Vieira da Silva. Em Abril de 1974 visita Portugal após treze anos de ausência. Depois de uma estadia em Nova Iorque regressa a Paris em 1976 e em 1991, trinta anos após a sua partida, regressa a Portugal. ¶ Iniciando a sua carreira como herdeiro, na viragem dos anos 50-60, do então designado "neo-impressionismo abstracto", o autor demarca-se do "abstraccionismo lírico", assumindo um "neo-figurativismo" com uma peculiar dimensão intimista. ¶ Os anos 60, em que inicia uma economia da simplicidade, são os anos fundamentais na afirmação do percurso de Jorge Martins. Elege, como elemento agregador das suas investigações, a luz, que se torna o próprio tema de representação: a fonte de luz; a luz como presença imanente do suporte; a superfície da tela enquanto produto dos efeitos da luz; as cores como objecto de jogo entre a luz e a sombra; a luz como modeladora dos objectos. ¶ A década de 70 irá assistir a uma saturação cromática da tela e, próximo do seu final, a uma viragem em direcção à abstracção, embora se mantenha uma pendularidade figuração/abstracção. Assiste-se também à introdução da palavra enquanto fragmento de significação. ¶ Nas décadas seguintes Jorge Martins irá empreender um estudo aprofundado e sistemático sobre a teorização da luz e cor conduzindo às mais sombrias abordagens pictóricas apresentadas na Culturgest em 1991. ¶ Em toda a obra do autor o elemento enigma surge através do jogo de ocultação/ revelação da luz, assim como através do constante reenvio de cada objecto, figura ou signo para outro, noutro plano e noutra situação espacial e temporal. Os próprios caracteres são enigmáticos na sua indefinição formal: quase letras, quase números, quase signos, hieróglifos talvez. A mesma ambiguidade afecta frequentemente as imagens ou figuras evocadas. A tensão entre ritmo - fluxo de luz ou cor - e signo - paragem, momento que se destaca no fluxo - reforça esta situação que se pode considerar paradigmática do trabalho de Jorge Martins.
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