José de Guimarães
José de GuimarãesGuimarães ¶ 1939
Créditos fotográficos / Photographic credits: Abílio Leitão |
Diplomado em Engenharia Civil pelo IST, em 1958 tem lições de pintura e desenho de Teresa de Sousa e Gil Teixeira Lopes, frequentando simultaneamente os cursos de gravura da SCGP. Entre 1961 e 1966 realiza diversas viagens pela Europa, fixando-se em Angola por razões de serviço militar, entre 1967 e 1974, envolvendo-se, mesmo assim, com os discursos e práticas estéticas internacionais de 60, em particular com a exuberância cromática da "Pop Art", a qual conjugaria com alguns dos arquétipos culturais angolanos. ¶ Marcado pela arte vernácula africana, mas potenciando-a numa dimensão simultaneamente erudita e ocidental, o artista adoptou uma subtil aliança entre o "humor" e o "drama" da vida humana, desdramatizando progressivamente as suas composições para assumir nos "motivos-séries" (Reis, Os Amantes, O Pintor e o Modelo, O Circo, Os Desportos ou Paisagens Portuguesas) a matriz cultural da pintura europeia. ¶ Depois da passagem por Antuérpia, em 1976, a sua obra ganha visibilidade internacional com a série de trabalhos em que homenageia Rubens. Em 1978, elabora um particularíssimo Alfabeto de Símbolos, donde retirará referências formais-simbólicas. Assim, as suas "pseudo-esculturas" de 80, executadas em papel espesso e granulado, importam sistematicamente desse "vocabulário codificado" uma panóplia formal de grande impacto ao nível do recorte sígnico, remetendo para sínteses corporais de um biomorfismo festivo, onde a cor exercerá uma função compósita essencial. ¶ Inspirado pela tendência essencialista do espiritualismo oriental, o autor incluirá na sua obra a presença de estereótipos formais de outras civilizações (México, Japão) cruzando-os sempre com o contexto artístico ocidental, desde a arte primitiva ao modernismo picassiano. ¶ Nos anos 90, depois de assumir na sua obra não só os temas da morte ou da reflexão espiritual como a presença de valores plásticos de pendor informalista e matérico, o artista vê reconhecido o seu trabalho entre nós, com uma retrospectiva em Serralves e na Fundação Gulbenkian, com uma série de convites para intervir em espaços públicos, em Portugal e no estrangeiro, e que culminaria na exposição apresentada em 2004 na Cordoaria Nacional, acompanhada de um detalhado catálogo-livro.
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