Júlio Pomar
Júlio PomarLisboa ¶ 1926
Créditos fotográficos / Photographic credits: Abílio Leitão |
Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, a ESBAL e a ESBAP, convertendo-se ao longo da segunda metade do século XX numa figura de referência das artes plásticas em Portugal. Pioneiro na defesa do neo-realismo pictórico, realizou alguns dos seus ícones como O Gadanheiro (1945) ou O Almoço do Trolha (1946-50). Daí às pinturas do Ciclo do Arroz (1952-53), Júlio Pomar desenvolveu não apenas a ideia como as possibilidades imagéticas de uma arte de compromisso político e social, numa época marcada pela luta antifascista. ¶ A partir de 1957, pressentindo o esgotamento da estética neo-realista, a obra de Júlio Pomar evolui no sentido de uma progressiva indistinção dos contornos em direcção a um novo relacionamento tensional entre as figuras e o plano bidimensional do quadro, mediante o dinamismo de um registo gestual filiado nos informalismos da pintura europeia do pós-guerra. ¶ Em 1963 instala-se em Paris, iniciando um projecto plural que se vai desenvolvendo ora em torno de "assemblages" ora sustentando uma pintura que sugere movimento e tende a assumir a presença de uma caligrafia gestual abstractizante. Num momento seguinte vai fixar-se numa maior depuração formal, na procura, a partir da exploração de campos de cor lisa bem definidos e contrastantes, dos vestígios do corpo erotizado, e na representação fragmentária e dissimulada do sexo. ¶ Os anos 80 iniciam uma nova fase, marcada pela explosão e movimento gestual de um jogo entre as figuras e a sua metamorfose biomórfica. A representação do corpo é assumida no plano de uma ficção pictural onde figuras animais por vezes antropomorfizadas encenam o espaço da pintura no confronto de uma herança cultural que vem da tradição das antigas narrativas até aos mitos de uma portugalidade histórica. ¶ Desde a década de 90 Júlio Pomar tem vindo a reinventar as possibilidades da sua pintura, numa panóplia de figuras animais que se misturam com o referente do corpo humano, na experiência dos limites formais do seu reconhecimento.
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