Paula Rego

Paula RegoLisboa ¶ 1935

 

  Paula Rego
  Créditos fotográficos / Photographic credits:
Jane Brown/ Cortesia Malborough Fine Art, London

Estudou no colégio St. Julian's no Estoril e em 1952, escapando ao cinzentismo da ditadura salazarista, parte para Londres onde ingressa na Slade School of Art, vindo a casar com o pintor Victor Willing e a iniciar uma carreira que a levará a ser hoje uma das mais consagradas artistas do Reino Unido e de Portugal. Os trabalhos de Paula Rego na década de 50 estão próximos dos códigos de uma representação realista mas valorizam já, na selecção dos detalhes em destaque e no modo agreste de pintar, uma relação virulenta com a realidade e o recurso a um universo fantástico, por vezes terrível. Na década de 60 a sua obra ganha uma maior liberdade e pulsionalidade. A explosão energética inspirada pela arte bruta encontra uma nova forma de expressão com o uso da colagem, através da qual domesticou essa energia de um modo mais complexo, porque permite a conjugação de múltiplos efeitos, e mais sistemático porque implica uma selecção que instaura um ritmo específico. No início dos anos 80, Paula Rego deixa a colagem e volta a desenhar directamente reforçando a frescura e imediatez das suas figuras, ao mesmo tempo que exercita um tipo de composição em carrossel que torna os seus quadros cada vez mais exaltados e vertiginosos. Esta fase caracteriza-se ainda por um fervilhar de personagens e acções que povoam as telas. Em meados de 80 a autora inicia uma nova fase caracterizada por uma concentração da narrativa ao invés da anterior dispersão. As suas novas pinturas, ostentando uma unidade de tempo e de lugar para além da unidade de acção, ganham em densidade e em gravidade, afirmando-se como pintura e perdendo a sua natureza gráfica numa maior preocupação com a volumetria dos corpos e com o tratamento perspéctico do espaço envolvente. Regra geral, no trabalho de Paula Rego a referência fundamental é uma história que só a autora conhece e que chega até nós, revelada num momento de particular tensão dramatúrgica, através das personagens, da cenografia e da situação que a artista elege para lhe dar corpo. Em perspectiva, podemos ver o conjunto do trabalho de Paula Rego como obsessiva exploração do mesmo tema: as relações enquanto relações de poder e as relações de poder enquanto encenações da perversidade.


Bibliografia

 

 

Ficha Técnica | Credits