Pedro Cabrita Reis

Pedro Cabrita ReisLisboa ¶ 1956

 

  Pedro Cabrita Reis
  Créditos fotográficos / Photographic credits:
Abílio Leitão

Formou-se na ESBAL e começou a sua carreira como pintor expondo regularmente desde o início da década de 80. Durante o seu trajecto nunca abandonou a prática da pintura, nomeadamente a interrogação da tradição da pintura abstracta geométrica que, nos últimos anos, tem revisitado em grandes instalações de pinturas-objectos, que convocam várias linhas de trabalho recorrentes no seu percurso. Também manteve uma prática assídua do desenho, quase sempre figurativo, com destaque para as séries de auto-retratos. Foi, no entanto, através da escultura e instalação que Cabrita Reis encontrou, no início dos anos 90, a plena consagração nacional e o amplo reconhecimento internacional, expresso na participação em exposições como Metropolis (Berlim, 1991), Documenta IX (Kassel, 1992), Bienal de São Paulo 1994 ou Bienal de Veneza 1997 e, de novo, 2003. Privilegiando inicialmente as dimensões da subjectividade e da memória, a sua obra tem vindo a assumir, cada vez mais, um ascetismo formal e um progressivo pendor minimal. Desde a sensibilidade cénica de obras de finais de 80 ao rigor clínico de obras de meados dos 90 esboça-se uma progressiva desumanização, um esvaziamento poético e metafórico concomitante a uma valorização da grande escala e do efeito arquitectónico. As Cidades Cegas que começa a "construir" em finais de 90 não são apenas cegas mas mudas. Resistentes à leitura metafórica recusam-se ao significado. Como se o artista tivesse empreendido um percurso que o transporta da memória à matéria. De facto, desde sempre, os seus trabalhos procuraram mostrar a evidência física dos materiais utilizados e dos processos construtivos. No entanto, a matéria aparecia inicialmente como matéria habitada, se não mesmo assombrada, pela metáfora. Enraizando a metafísica na antropologia, era a conotação metafórica que operava a ponte entre a dimensão individual e colectiva, entre o acaso e o destino. A desvalorização da metáfora corresponde à recusa da complexidade em favor da clarividência. Ao entrarmos na sua instalação da Bienal de Veneza 2003 deparamos com uma omnipresença da luz que parece constituir o reverso do impulso Contra a Claridade (CAMJAP, 1994) que sempre orientou a obra de Cabrita Reis. Em 2006, ocupou todo o espaço central do piso 0 do CAMJAP com a grande instalação Fundação.


Bibliografia

 

 

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