René Bertholo
René Bertholo Alhandra ¶ 1935-2005 ¶ Vila Nova da Cacela
Créditos fotográficos / Photographic credits: Elna Voss-Hellwig/ Cortesia Galeria Fernando Santos |
Frequentou a ESBAL entre 1951 e 1957, mas o seu ímpeto experimental impediu um percurso académico mais linear e, em 1957, parte para Munique. No ano seguinte fixa-se em Paris, com Lourdes Castro, realizando uma pintura de matriz abstracta mas que progressivamente vai admitindo o exercício neofigurativo, bem como as experiências informalistas filiadas ainda nas técnicas de automatismo psíquico caras à herança surrealista. Nesses anos iniciais vividos em Paris destaca-se igualmente o seu empenho na edição da revista KWY (1958-1963). ¶ A partir dos anos 60, a estética de René Bertholo define-se em torno de uma imagética lúdica, num exercício quase de bricolage onde objectos e pequenas figuras povoam o espaço pictórico a partir de uma dimensão de constante e reutilizada montagem. ¶ Em 1966-67 surgem os primeiros Modelos Reduzidos, objectos mecânicos construídos que convertem em movimento real alguns dos símbolos figurativos da pintura de Bertholo (árvore, nuvem, etc.), a partir da acção de pequenos motores que são igualmente e exibidos no plano visual da obra. Aí se questiona a condição objectual e processual da obra de arte, num exercício absolutamente inovador na arte moderna portuguesa. Motivado ainda por estudos realizados no início dos anos 70 em Berlim, Bertholo realizará uma série de "máquinas de sons" onde aprofunda algumas das questões anteriormente afloradas, montando e remontando sons da vida de todos os dias. ¶ A partir de 1974 a sua pintura sofre um ajustamento no tratamento da figuração miniaturizada, configurando-a num plano mais narrativo, onde o plano pictórico surge na definição alegórica do espaço pluralizado do quadro, sendo desse modo a imagem o palco de uma muito particular banda desenhada. O processo de reutilização ou remontagem de figuras e objectos anteriormente apresentados far-se-á nos últimos anos recorrendo ainda à computação gráfica que facilita o recurso estilístico do autor, confirmando uma imagética predilecta da qual nunca estiveram ausentes algumas referências autobiográficas.
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