Rigo
Rigo Madeira ¶ 1966
Créditos fotográficos / Photographic credits: Abílio Leitão |
Rigo, ou melhor, Ricardo Gouveia, emigrou em 1985 para São Francisco, nos Estados Unidos, cidade onde afirmou uma consistente carreira artística cuja motivação é assaz alienígena ao contexto nacional português. Formando-se no Art Institut de São Francisco, num ambiente multicultural com influências underground e hispânicas, a retórica que funda o seu trabalho remete para uma afirmação étnica que a sociedade portuguesa nunca viveu. A sua obra abrange territórios como a banda desenhada ou a pintura, tendo trabalhado sobretudo no âmbito da arte pública, com pinturas e intervenções murais no espaço urbano, algumas das quais realizadas em ligação com a comunidade hispânica e com clara intencionalidade política, tais como One Tree (1995), na downtown de São Francisco. ¶ Ao longo da última década o empenhamento político do autor manifestou-se também através da sua ligação, quer pessoal, quer na sua prática artística, com Robert King, que esteve preso durante trinta anos, e com Leonard Peltier, líder nativo americano, que Rigo considera prisioneiros políticos. ¶ Um outro choque cultural provocado pelo contacto com Taiwan, em 1997, dá origem a uma nova série de trabalhos que alargam o espectro da geografia cultural da obra de Rigo. ¶ Num momento em que o tema do multiculturalismo está na ordem do dia dos debates estéticos e ideológicos à escala mundial torna-se particularmente aliciante acompanhar um percurso em se inscrevem as marcas de diferentes periferias e sucessivas distâncias e deslocações. Em 1994, na Galeria Porta 33, no Funchal, numa exposição intitulada "Largo do Canto do Muro", Rigo cobre o chão com calçada portuguesa, segundo um padrão evocativo do movimento do mar, e pinta as paredes segundo um padrão abstracto evocando igualmente a superfície do mar, sobre o qual inscreve dezenas de nomes de localidades, ruas e sítios da ilha da Madeira. ¶ O conjunto da obra do autor foi apresentado pela primeira vez em Portugal numa notável exposição retrospectiva comissariada por Manray Hsu em 2006 no Centro das Artes Casa das Mudas na Calheta (Madeira). Também em 2006 essa mesma exposição foi adaptada ao espaço da Galeria ZDB, em Lisboa. Nada de Novo/Swim Again foi comissariada por Manray Hsu e Natxo Checa e também incluia uma série de intervenções no espaço urbano, algumas delas de carácter permanente, como o mural Europa Latina na Av. 24 de Julho.
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