Conceição Nicolau


António da Silveira (1904-1985)





O professor António da Silveira, nasceu no dia 28 de Março de 1904, em Coimbra, na freguesia de Santa Cruz. Era filho do Dr. Joaquim Albino da Silveira e de Urânia de Campos Tavares. O pai era notário e também foi um ilustre filólogo. Fez o ensino primário em Alcanena, onde residia nessa altura, e concluiu-o em 1914. Foi depois viver para Aveiro, onde frequentou o Liceu, como aluno interno do Colégio Aveirense. Terminou o ensino Secundário em 20 de Julho de 1921 com a classificação de Bom, quinze valores.

Professor António da Silveira, fotografia do princípio dos anos 70. Foi professor de Física no IST e FCUL, criou e presidiu o IFM e foi membro da Academia das Ciências de Lisboa

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No ano de 1921, após a conclusão do Ensino Secundário, matriculou-se na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que frequentou durante dois anos. No ano lectivo de 1923-1924, após o processo de equivalências, matriculou-se no Instituto Superior Técnico (IST), no curso de engenharia Químico-Industrial. Terminou a Licenciatura em 1929. Entre 1929 e 1932 estagiou no Laboratoire de Physique Experimental du Collège de France em Paris, com o objectivo de adquirir habilitação para dar aulas no IST. Durante o estágio publicou alguns artigos e frequentou diversos cursos de Física Teórica na Sorbonne e no Institut Henri Poincaré.

Foi convidado para dar aulas no IST e nomeado professor ordinário de Física em 1932. Leccionou aí desde 1933 até 1974. Também dirigiu os laboratórios de Física e de Química-Física, desse Instituto. Posteriormente foi convidado para professor de Física Teórica, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), onde leccionou as cadeiras de Electricidade e de Óptica, de 1949 a 1956. Foi eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa em 1946 e em 1952 foi eleito sócio efectivo da secção de Física e Química. Como membro da Academia fez várias comunicações à Classe de Ciências e que se encontram publicadas nas Memórias da Academia. Em 1975 aceitou o cargo de Presidente da direcção do Instituto de Altos Estudos da Academia.

No mês de Novembro de 1964 foi convidado para presidir o Instituto de Alta Cultura e aceitou o convite. Permaneceu nesse cargo até 5 de Novembro de 1967, data da posse da direcção que se lhe seguiu. Como presidente daquele Instituto, o seu primeiro objectivo foi o de possibilitar a atribuição de Bolsas de investigação para o estrangeiro e ainda o de estimular a produção científica de qualidade nos diferentes Centros do país subsidiados pelo Instituto, através da atribuição de prémios.

O cargo de presidente do Instituto de Alta Cultura deu-lhe ainda a hipótese de concretizar um desejo que tinha há muito tempo: o de criar um Instituto de Investigação Científica independente das universidades. Foi desta forma que em meados de 1965 surgiu o Instituto de Física e Matemática, oficializado pelo Decreto-Lei n.º 47424, de 28 de Dezembro de 1966. Houve por parte das Universidades uma certa oposição à sua formação. No fim de Outubro de 1971 foi nomeado presidente do Instituto de Física e Matemática, cargo que ocupou até 1974.

Durante toda a vida, mostrou sempre muito interesse pela investigação científica empenhando-se na realização de actividades que servissem a divulgação da mesma. Assim, após os vários estágios e missões de estudo realizados no estrangeiro, procurou promover novas formas que permitissem a divulgação e discussão de temas de ciência.

Em 1936 por sua iniciativa fundou com outros bolseiros o Núcleo de Matemática, Física e Química cujo objectivo era realizar cursos de ciência moderna. Em 1956, após uma bolsa em Paris, apresentou um relatório onde referia a necessidade de se criar um Seminário de Física da Universidade de Lisboa. Este foi criado em 1960, com o apoio do Instituto de Alta Cultura.

O seminário teve grande êxito e ainda o mérito de ter permitido o retomar da publicação da revista Portugaliae Physica.

Durante a sua vida escreveu vários artigos na área da Física e outros sobre a aplicação do Efeito de Raman em soluções de electrólitos que foram publicados em revistas como: os Comptes Rendus de l’Académie des Sciences de Paris, Journal de Physique, Journal of Chemical Physics, Molecular Physics, Philosophical Magazine and Journal of Science, Revista da Faculdade de Ciências de Lisboa e Gazeta de Física.

Publicou a Teoria da Electricidade, em dois volumes sendo a 1.º parte, o Campo Electrostático, no ano de 1941 e a 2.ª parte, o Campo Electromagnético, em 1948. Estes volumes foram reeditados em 1985 pelo Instituto Nacional de Investigação Científica. Realizou várias conferências e organizou cursos sobre temas de Ciência e sobre temas de carácter histórico, algumas conferências foram proferidas na Academia das Ciências e encontram-se publicadas nas Memórias da Academia.

No ano de 1967, foi condecorado pelo Governo Francês com o grau de Comendador da Legião de Honra. Faleceu no dia 10 de Março de 1985, tendo dedicado toda a sua vida ao ensino e investigação da Física e à criação de condições que possibilitassem a investigação científica no nosso país.

Conceição Nicolau



Nota:

Biografia realizada com base na Exposição Apontamentos Biobibliográficos de António da Silveira, organizada para comemorar o I Centenário do Nascimento deste ilustre Professor de Física e que esteve patente na Academia das Ciências de Lisboa em Maio de 2004. Em Janeiro de 2005 esteve patente na Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, na Moita, integrada nas Comemorações do Ano Mundial da Física.

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