Retrato de Choffat retirado de Simões, J. M. O., “Biografia de Geólogos Portugueses – Léon Paul de Choffat”, CSGP, XIII (1919—1922), VII—IX.

Paul Choffat nasceu na Suíça, país onde realizou os seus estudos até ao ensino secundário, partindo depois para Besançon, França, a fim de trabalhar num banco. Nessa cidade estabeleceu contactos com geólogos e naturalistas e, em 1871, cursava Química e Ciências Naturais na Escola Politécnica Federal e na Universidade de Zurique. Depois de se diplomar, foi nomeado, em 1876, professor agregado de Paleontologia Animal, na Escola Politécnica onde estudou. Entretanto, o interesse de Choffat pela Geologia fê-lo estudar e conhecer bem os terrenos jurássicos de França. Enquanto geólogo neófito, teve a oportunidade de travar conhecimento com numerosos cientistas da mesma especialidade, contactos esses que Choffat manteve durante toda a sua vida científica.

Choffat conheceu Carlos Ribeiro (1813—1882) na sessão do Congresso Internacional de Geologia realizado em Paris em 1878. Ribeiro convidou-o para visitar Portugal a fim de estudar as formações jurássicas. Chegado a Portugal em Outubro desse mesmo ano, Choffat dedicou-se, principalmente, ao estudo do Mesozóico, tendo sido oficialmente contratado como geólogo dos Serviços Geológicos (SG) em 1883. Choffat previa permanecer em Portugal apenas o tempo suficiente para curar a faringite de que sofria; no entanto, acabou por permanecer em Portugal cerca de quarenta anos, até ao fim da sua vida.

Homem “rijo de físico e de temperamento (…) audacioso nas suas explorações geológicas (…) vivendo só para os seus estudos científicos”, Choffat parece ter sido um homem algo solitário no seu trabalho científico. Apesar de ter trabalhado nos SG durante longos anos, não deixou discípulos, a não ser os colectores da instituição e Pereira de Sousa, com quem mais tarde se parece ter incompatibilizado. Depois da morte de Nery Delgado (1835—1908), geólogo que chefiou os SG depois de Carlos Ribeiro, Choffat tornou-se cada vez mais crítico em relação ao rumo que a instituição estava a tomar e, depois da sua morte, os herdeiros retiraram dos SG todo o espólio científico de Choffat. Seguiram-se tempos de altercação entre os SG e os herdeiros de Choffat, tendo a maior parte do espólio científico do geólogo regressado a Portugal apenas na década de 40, por intermédio da SGP.

Choffat produziu vasta obra científica que versou sobre diversos aspectos da Geologia, desde os estudos relacionados com as formações secundárias de Portugal, até à Hidrogeologia e à Geologia Aplicada, passando pela Tectónica ou mesmo pela Pré-História. Choffat desempenhou também papel de relevo na elaboração da cartografia geológica portuguesa, tendo sido um dos autores, juntamente com Nery Delgado, da Carta Geológica 1:500 000 publicada em 1899. Foi também o autor duma Carta Tectónica e de uma Hipsométrica, ambas relativas a Portugal Continental.

Choffat fez parte de numerosas comissões geológicas no âmbito do Congresso Internacional de Geologia, possuía inúmeros títulos científicos e o seu nome foi atribuído a numerosos géneros e espécies paleontológicas. Faleceu a 6 de Junho de 1919.