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Octávio Reinaldo dos Santos da Veiga Ferreira (1917-1997)
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Veiga Ferreira: este geólogo e arqueólogo ficou conhecido do grande público devido à série televisiva «Do Paleolítico ao Romano», emitida pela RTP em 1982 e 1983. Fotografia retirada e adaptada de Cardoso, J. L., “In Memoriam, O. da Veiga Ferreira (1917—1997)”, CIGM, 83 (1997), 153—170.
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Veiga Ferreira nasceu em Lisboa, tendo frequentado nesta cidade o Instituto Industrial, onde concluiu, em 1941, o curso de engenheiro técnico de minas. Durante a juventude distinguiu-se como desportista, tendo praticado uma variedade de modalidades desportivas: hóquei em patins, pugilismo, futebol e rugby. Depois de terminado o curso trabalhou na Comissão Reguladora do Comércio de Metais e, em 1944, ingressou na Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos (DGMSG). Em 1950 entrou para os Serviços Geológicos (SG), dedicando-se, em especial, à Paleontologia, ao cuidado das colecções do Museu da instituição e à cartografia geológica. Esta última actividade permitiu-lhe desenvolver, simultaneamente, trabalho numa área que há muito o interessava: a Arqueologia.
Veiga Ferreira frequentou o curso de Pré-História ministrado pelo abade Henri de Breuil (1877—1961) na Faculdade de Letras de Lisboa em 1941, onde conheceu Georges Zbyszewski (1909—1999). Foi durante os trabalhos efectuados pela DGMSG nas Caldas de Monchique, em 1945, que Veiga Ferreira estabeleceu ligações mais fortes com a comunidade arqueológica, mercê do contacto com as equipas de arqueólogos que realizavam escavações no local. Logo em seguida conheceu o arqueólogo português Abel Viana (1896—1964), tendo participado em diversas escavações e começado a publicar trabalhos. Ao entrar para os SG, Veiga Ferreira possuía já um importante currículo como arqueólogo e a entrada na instituição permitiu-lhe continuar a desenvolver o trabalho em Arqueologia. Fora da instituição, Veiga Ferreira continuou a colaborar com várias personalidades ligadas à Arqueologia; além de Abel Viana, pode referir-se ainda Mendes Corrêa (1888—1960), Vera Leisner (1885—1972), Jean Roche (1913), Afonso do Paço (1895—1968), Albuquerque e Castro, apenas para mencionar alguns. No total, Veiga Ferreira publicou mais de quatrocentos trabalhos no âmbito da Arqueologia.
No que diz respeito à actividade científica ligada à Geologia desenvolvida por Veiga Ferreira, os seus trabalhos centraram-se, essencialmente, na Paleontologia e na cartografia geológica. À primeira dedicou, sozinho ou em co-autoria, mais de trinta títulos; na segunda foi co-autor de trinta e seis cartas geológicas nas escalas 1:50 000 e 1:25 000 e colaborou em cerca de setenta notícias explicativas. Dedicou ainda alguns trabalhos ao Vulcanismo — uma vez que fez parte das várias missões científicas aos Açores realizadas pelos SG — e à Estratigrafia. Em muitos destes trabalhos Veiga Ferreira trabalhou em estreita colaboração com Georges Zbyszewski e com os diversos colectores dos SG.
Veiga Ferreira doutorou-se pela Sorbonne, em 1965, com a tese La culture du vase campaniforme au Portugal. Entre 1977 e 1987, regeu a cadeira de Pré-História da licenciatura em História na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tendo-se jubilado por limite de idade. Ficou conhecido do grande público devido à série «Do Paleolítico ao Romano» que passou na RTP em 1982 e 1983. Foi agraciado com as medalhas de mérito municipal das câmaras de Rio Maior e Cascais e, postumamente, com a medalha de ouro de mérito municipal do concelho de Oeiras. Existe um monumento de inspiração arqueológica dedicado a Veiga Ferreira num jardim de Rio Maior.
Bibliografia
Cardoso, J. L., “In Memoriam, O. da Veiga Ferreira (1917—1997)”, Comunicações do Instituto Geológico e Mineiro, 83 (1997), 153—1705
© Instituto Camões 2006
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