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Da actividade de Pedro Teixeira Albernaz conhecem-se poucas obras, para além daquela importante carta de Portugal: uma planta de Madrid, em 20 folhas, impressa em 1656; uma carta dos estreitos de Magalhães e de S. Vicente, publicada pela primeira vez em 1621; e, finalmente, uma descrição manuscrita das costas e portos da Península Ibérica, concluída em 1634 mas só recentemente descoberta e publicada (Pereda e Marías, ed., 2003). Dizia Pedro Teixeira neste atlas: “Há nove anos que Vossa Majestade [D. Filipe IV] me mandou que fosse observar e sondar os portos, praias e cabos da costa de Espanha. E considerando não ser justo ficar em esboço coisa de tanta importância, tomei o compasso e a pluma (…) para que Vossa Majestade tenha inteira notícia das costas e portos destes seus reinos de Espanha (…)” [2]. Este atlas, actualmente depositado numa biblioteca em Viena, contém, para além da parte espanhola, um mapa do conjunto de Portugal Continental e 20 outros da costa, acompanhados de uma descrição textual.
A Descripción del Reyno de Portugal y de los Reynos de Castilla, delineada por Pedro Teixeira, viria a destronar, ao ser impressa em Madrid em 1662, a carta de Álvaro Seco e as suas múltiplas versões que circulavam, nos atlas europeus, desde o último quartel do século anterior. Esta Descrição, gravada por Marcus de Orozcos em 4 folhas, parece resultar dos levantamentos efectuados pelo cartógrafo na década de 20, embora se desconheça a razão da sua tardia impressão. Seja como for, esta carta, à semelhança da de Seco, perdurou outro século como a imagem do país. Daí, o distinto cosmógrafo-mor Manuel de Azevedo Fortes dizer, em 1722, no seu Tratado do modo o mais fácil e o mais exacto de fazer as cartas geográficas...: “não sei que haja neste Reino carta alguma particular de nenhum dos seus bispados; entre as cartas gerais, que há no Reino, a que passa por melhor e mais exacta, é a de Pedro Teixeira que se estampou em Madrid no ano de 1662, a qual (excepto as costas marítimas que se encontram menos mal arrimadas) é tão defeituosa que para o intento presente é o mesmo que se não houvera”. Pode reparar-se no pormenor da linha de costa deste mapa, muito recortada (certamente por influência dos levantamentos em que Pedro Teixeira participara), e na figuração, ainda completamente falsa, do relevo português. Ao contrário do que acontece na carta de Álvaro Seco em que só a Serra de Montejunto foi representada, aqui os pequenos montes em perspectiva, todos levantados a partir de um mesmo plano, enchem generosamente o espaço entre os numerosos cursos de água, tanto na montanhosa Cordilheira Central como na região plana do Alentejo. Mas o rigor posicional da representação é já, sem dúvida, outro. Maria Helena Dias Notas 1 - Este texto resulta da adaptação do original publicado em: DIAS, Maria Helena (aut. texto) Portugalliae descriptio: do 1.º mapa conhecido (1561) ao 1.º mapa moderno (1865). Lisboa: Instituto Geográfico do Exército. 2006. ISBN 989-21-0084-08. 2 - Tradução livre da transcrição feita por Pereda e Marías (ed., 2003). Referências CORTESÃO, Armando; MOTA, Avelino Teixeira da Portugaliae monumenta cartographica. Vol. IV. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1987. Reprodução fac-similada da edição de 1960. DIAS, Maria Helena (coord.) Contributos para a História da Cartografia militar portuguesa [CD-ROM]. Lisboa: Centro de Estudos Geográficos [etc.], 2003. ISBN 972-636-141-9. DIAS, Maria Helena; BOTELHO, Henrique Ferreira (coord.) Quatro séculos de imagens da Cartografia portuguesa = Four centuries of images from Portuguese Cartography. 2ª ed. Lisboa: Comissão Nacional de Geografia [etc.], 1999. ISBN 972-765-787-7. ESPANHA. Institut Cartogràfic de Catalunya (org.) - La cartografia de la Península Ibérica i la seva extensió al continent americà. Barcelona: I.C.C., 1991. (Monografies; 8). ISBN 84-393-1670-4. PEREDA, Felipe; MARÍAS, Fernando (ed.) - El atlas del Rey Planeta: la “descripción de España y de las costas y puertos de sus reinos” de Pedro Teixeira (1634). 3ª ed. San Sebastián: Nerea, 2003. ISBN 84-89569-86-X. |
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