CALDEVILLA FILM
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Actor teatral nos primórdios do Século XX, o nome de Raul de Caldevilla, como inspirado publicitário, destacou-se no cinema português em 1917. Uma espectacular operação promocional a nova marca de bolachas, tendo Caldevilla contratado dois acrobatas espanhóis para escalarem a Torre dos Clérigos, o que fizeram sem recurso a qualquer apoio. Já no cimo, os ginastas tomaram uma chávena de chá e comeram as petit beurre Invicta, lançando ao mesmo tempo panfletos sobre a multidão reunida para o efeito - cerca de 150.000 pessoas. Da proeza, a Caldevilla Film retiraria Um Chá nas Núvens.

Em 1919, Raul de Caldevilla prestigiou-se ao organizar o lançamento comercial de A Rosa do Adro, dirigido por Georges Pallu para a Invicta Film, anunciado sob o lema «Romance Português - Filme Português - Cenas Portuguesas - Actores Portugueses». Três anos depois, com mais altas ambições, a Caldevilla Film contratou o francês Maurice Mariaud - que trabalhava para a Gaumont - com a incumbência de dirigir Os Faroleiros (1922), um «drama-documentário», de que também foi argumentista e intérprete.

O vislumbre de Raul de Caldevilla está patente no respectivo folheto de divulgação: «O cinematógrafo moderno tem-se distanciado muito, nos temas escolhidos e nos fracassos, da técnica de há vinte anos. Já hoje dificilmente se suportam - e vão sendo postos de parte no estrangeiro - esses longos filmes em séries de enredo complicado e por vezes falhos de verosimilhança. O público de hoje, talvez por motivo da vida intensa que leva e lhe proporciona certos lazeres, escolhe de preferência películas de não muito longa metragem». A rodagem teve lugar na Caparica e farol do Bugio.  

Logo após Os Faroleiros, Mariaud filmou As Pupilas do Senhor Reitor para a Caldevilla Film. O romance de Júlio Diniz foi adaptado pelo director literário da empresa, Campos Monteiro. A filmagem de interiores concretizou-se na abegoaria da Quinta das Conchas, em Lisboa, não chegando à edificação o ambicionado estúdio, cujos planos tinham acompanhado Raul de Caldevilla desde o Porto. De facto, sobrevieram litígios com os responsáveis capitalistas da empresa, pelo que em 1923 pediu a demissão de administrador-gerente da Caldevilla Film.

Declinava, assim, um sonho que tivera repercussões insuspeitáveis, a ponto de ser apresentado em 1921, à Câmara dos Deputados, um projecto de lei que isentava a empresa de impostos, durante dez anos - como contrapartida a impressionar, apenas, «assuntos genuinamente portugueses, baseados na história ou na literatura nacionais». Pelo Verão de 1925, a Caldevilla Film desmantelava-se simbolicamente, com um leilão público de todo o material.


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