INVICTA FILM
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Invicta Film
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Invicta Film
Cartaz de «Amor Fatal»

Determinante para a produção documental, nos primórdios da República, a Invicta Film foi fundada no Porto, em 1912, por Alfredo Nunes de Mattos, gerente do Jardim Passos Manuel desde 1908. Para esta primitiva Invicta, transitaram Manuel Cardoso Pereira, que assim seguiu a sua obra após o desaparecimento da Portugalia Film; e Thomas Mary Rosell, um espanhol que se instalou entre nós durante alguns anos.

De entre a vasta produção desta fase da Invicta Film, podem salientar-se títulos como Exercícios dos Bombeiros Municipais do Porto, Monoplano “Commet” ou Festas da Aviação em 1912, Visita ao Porto do Presidente da República ou Exercícios de Artilharia, de 1914, Chaves, Incursões Monárquicas, Plácido de Abreu Treina-se ou Naufrágio do “Silurian”, no ano seguinte, e Expedição Militar a Angola ou Expedicionários em Campanhã, de 1917.

Um dos registos mais espectaculares da Invicta - pela dimensão da ocorrência e pela divulgação do documentário no estrangeiro - foi o Naufrágio do “Veronese”. Mais de uma centena de cópias circulou por vários países europeus e pelo Brasil deste desastre ocorrido a poucos metros da costa, em frente da Boa Nova, perto de Leixões, a 10 de Fevereiro de 1913.

O Naufrágio tinha 300 metros, dimensão inusitada para a época, neste tipo de filme, que poucos dias depois já se encontrava em exibição nas mais prestigiadas salas do país, com o merecido destaque. Mas não foi só este título que a Invicta levou ao estrangeiro, já que Nunes de Mattos era o correspondente dos jornais de actualidades da Gaumont e da Pathé, que desse modo difundiam com regularidade temas nacionais.

Em 1918, sob os nomes responsáveis de Alfredo Nunes de Mattos e Henrique Alegria, uma primordial Invicta Film surgia no Porto, a ela se devendo o mais significactivo investimento insdustrial, durante o cinema mudo. Personalidade decisiva no arranque da sua actividade, foi o cineasta francês Georges Pallu, que em 1918 se iniciou entre nós - paralelamente à produtora - com Frei Bonifácio, fita de características experimentais, a partir de um conto de Júlio Dantas.

Sobre uma novela de Manuel Maria Rodrigues, A Rosa do Adro (1919) de Pallu correspondia ao lema da Invicta - ainda sem instalações cénicas, nem estruturas técnicas - que investiu dez contos de reis, propondo: «Romance Português - Filme Português - Cenas Portuguesas - Artistas Portugueses», segundo a organização publicitária por Raul de Caldevilla.

Em 1920, cumpria-se a vocação determinante da Invicta, para uma execução contínua de filmes com entrecho, sob dois vectores essenciais: por técnicos estrangeiros, com artistas naciorais.  Assim, ficava concluída a construção de um complexo no Carvalhido - envolvendo estúdios e laboratório, escritórios e armazém, central eléctrica e dependências afins.

No segundo ano em Portugal, com Os Fidalgos da Casa Mourista segundo Júlio Diniz, Pallu formalizava a ênfase sobre a transposição de obras literárias, pela Invicta, que assim inaugurava as suas instalações laboratoriais, únicas na Península Ibérica, tal como a aparelhagem técnica. Em 1921, sobre o clássico de Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição teve um orçamento de 95 contos, com rodagem nas Beiras e Universidade de Coimbra.

Sobre o conto A Frecha de Misarela de Abel Botelho, o cineasta italiano Rino Lupo fez prova de qualidade com Mulheres da Beira (1921), cujo período dilatado de rodagem (Setembro a Novembro) originou reparos, quanto à rigorosa gestão da Invicta. Em 1922, António Pinheiro - professor do Conservatório Nacional e habitual protagonista em filmes da Invicta, que Henrique Alegria entretanto abandonara - lançou-se como realizador de Tinoco em Bolandas.

Em 1923, a Invicta alterou radicalmente perspectivas e temáticas, cedendo a uma produção artificiosa e cosmopolita, segundo requisitos internacionais que visavam outros mercados no estrangeiro. O capital foi quadriplicado para seiscentos contos, seguindo-se um importante reequipamento técnico. No cinedrama Cláudia, Pallu dirigiu  Francine Mussey, uma vedetinha em França, onde estreou como Mademoiselle Cendrillon.

No entanto, a crise económica ensombrava uma dispendiosa gestão de recursos - quanto aos crescentes problemas estruturais, por compromissos bancários. Em 1924, a Invicta Film cessou actividade com A Tormenta, de Pallu. O juro de um capital imobilizado durante meses paralisara a administração, incapaz de superar as deficiências de distribuição e estreia.


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