JOSÉ RÉGIO 
e os mundos em que viveu  

 O Começo
 Anos de Aprendizagem
 Anos de Criação
 Velhice e Morte
  1949

  Factos Nacionais

Campanha do general Norton de Matos para a Presidência da República. Por falta de condições de democraticidade, Norton de Matos desiste da sua candidatura.

Greves e manifestações de trabalhadores no Alentejo e Ribatejo, contra o desemprego e a fome a que o regime de Salazar responde com violência e prisões.

Inicia-se a publicação de Cadernos Surrealistas.

Fernando Namora publica Retalhos da Vida de um Médico.

José Cardoso Pires publica Os Caminheiros.

Vitorino Nemésio publica O Mistério do Paço do Milhafre.

O Grupo Surrealista de Lisboa faz a sua primeira exposição de pintura na capital.


Grupo dos Surrealistas na I Exposição de Junho/Julho de 1949, em Lisboa. Da esq. para a dir., Henrique Risques Pereira, Mário Henrique Leiria, António Maria Lisboa, Pedro Oom, Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas, Carlos Eurico da Costa e Fernando Alves dos Santos.
  José Régio
Apoia a candidatura do general Norton de Matos e publica num opúsculo dos Serviços da Candidatura o artigo "Recurso ao Medo", que tinha sido interdito pela Censura, no jornal República.

Colabora no jornal A Rabeca, em apoio à campanha de Norton de Matos, com uma série de artigos políticos: "Entre Dois Regimes", "Perguntas Indiscretas" e "Democracia e Religião de Cristo".

É dada à estampa a peça El-Rei Sebastião - poema espectacular em três actos.
Na luta que actualmente se trava em Portugal entre duas formas de pensar e sentir, de governar e de ser, - um poderoso elemento há com que jogam os nossos antagonistas: o medo. "O medo é que guarda a vinha" - diz-se. Em grande parte, tem sido o medo que tem guardado a actual Situação. Pode, ainda, ser o medo que melhor a defenda. Não só em Portugal como em quaisquer países onde um regime conquistou o poder pela força, e pela força impera, esse poderoso inimigo da alma se agigantou a ponto de tapar de tapar todo o horizonte.

Excerto do artigo "O Recurso ao Medo", publicado em Depoimento contra Depoimento, edição dos serviços centrais da candidatura do general Norton de Matos.
Capa da primeira edição de El-Rei Sebastião.
Toda a gente pode ter lido o discurso pronunciado no Porto pelo Senhor Presidente do Conselho. Notabilíssimo lhe chama o jornal onde o li. Sem duvida é notável, de vários pontos de vista, e ninguém perde nada em o meditar um pouco: Ninguém perde nada em meditar as razões do seu antagonista.
O Senhor Dr. Oliveira Salazar é hoje um dos nossos bons escritores de ideias. E as circunstâncias em que tem decorrido a sua actividade politica, a sua vida de homem público, permitiram-lhe um contacto com os mais urgentes problemas nacionais e internacionais - além de uma reflexão sobre esses mesmos problemas - que nenhum outro português pôde, ultimamente lograr. Encaminhadas noutro sentido, essas mesmas circunstâncias lhe teriam permitido realizar muito do que não realizou! Mas... aqui principia a questão.


Primeira página do artigo "Entre Dois Regimes", publicado em A Rabeca, de 19 de Janeiro de 1949.
  Factos Internacionais

Tem início o regime do Apartheid, na África do Sul.

Arthur Miller publica Morte de um Caixeiro Viajante.

Simone de Beauvoir publica O Segundo Sexo.

Mircea Eliade publica as obras O Mito do Eterno Retorno e O Sagrado e o Profano.

George Orwell publica 1984.

Juan Miró pinta Mulheres e Pássaros à Luz da Lua.

© Instituto Camões, 2001