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Vê reeditadas as suas primeiras obras poéticas Poemas de Deus e do Diabo (no ano anterior), Biografia e As Encruzilhadas de Deus.
Organiza a pequena antologia poética Poesia de Ontem e de Hoje para o nosso Povo Ler, para a colecção da Campanha Nacional de Educação de Adultos.
A Emissora Nacional transmite uma versão radiofónica da peça Jacob e o Anjo.
Vai à cena A Salvação do Mundo pelo Grupo Cénico da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.
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[...] Gostei de assistir à recita, que me não descontentou, embora, está claro, a peça exigisse outros actores, outro palco mais amplo, etc. A maior parte dos rapazes portou-se muito satisfatóriamente, e os papéis da Rainha-Mãe e do Profeta, que são os principais estavam até muito bem entregues, se pensarmos que se tratava de estudantes. Dois ou três outros papéis, também muito bem. Toda a representação correu numa atmosfera simpática, no fim houve aplausos a todos (incluindo o autor) e não me parece que o público estivesse muito aborrecido antes me pareceu haverem seguido a peça com interesse.
[...] Se algumas críticas negam teatralidade à obra, é, sobretudo, porque o meu teatro é diferente do que fazem, na maioria os autores portugueses, e não se lhe pode aplicar os moldes (aliás já em desuso lá fora) aplicáveis ao teatro de grandes sucessos financeiros. No fim, os rapazes quiseram que fosse cear com eles a uma casa onde se cantava o fado, - e lá foi cantado por uma cantadeira célebre (não a minha Amália, que anda recebendo aplausos em Paris) um fado que vem no 2º acto de A Salvação.
Excerto da carta que Régio envia a Alberto de Serpa, em 3 de Maio de 1956, contando-lhe o que se passou na estreia, em Lisboa, da sua peça A Salvação do Mundo.
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[...] O que eu quero dizer é que houve ontem [...] uma emissão radiofónica de Jacob e o Anjo, pela Emissora nacional [...] O mais interessante é que esta emissão do Jacob está integrada nas comemorações, em honra de Salazar, dos "30 Anos de Cultura", - e a representação da peça só tem sido dificultada, e até combatida pelo Secretariado, o ministro da presidência, etc.Também, há pouco mais duma semana foi dado pela mesma emissora, num programa chamado "Poesia, Música e Sonho" - agora integrado nos mesmos 30 anos de cultura - uma interpretação do meu poema, "Ámen", d'As Encruzilhadas. Tudo isto me parece duma grande duplicidade, para não dizer hipocrisia!
Excerto da carta de Régio para o pai de 6 de Junho de 1956.
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