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Queridíssimo camarada,
Acabo de ler, por inteiro, e num só hausto feliz, o seu livro Biografia, há meia hora recebido.
É um livro admirável, porém a sua leitura, para em seu effeito ser mais admirável, faz-me saudades do maior amigo meu, do único grande amigo que tive - o Mário de Sá-Carneiro, a quem a leitura dos seus sonetos enthusiasmaria como uma boa nova. Sonhei sem querer - em um d'aquelles sonhos retrospectivos e erroneos - que estivessemos lendo junctos os seus sonetos, e reconheço a voz d'elle e a minha no consenso enthusiástico da apreciação.
Explico. Há uma íntima analogia entre o seu modo de sentir e o modo de sentir que distinguia o Sá-Carneiro. O modo de sentir, o modo de sentir é que é differente, como convém a dois que são dois, e não commumente o terceiro que não é ninguém.
- Estes semi-dizeres não chegam a ser palavras: são contudo a expressão immediata, spontanea e inteira com que, orgulhando-se mysteriosamente de V., o abraça o amigo e muito admirador
Fernando Pessoa
Carta enviada por Fernando Pessoa a José Régio, em 17 de Janeiro de 1930.
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Factos Internacionais
Nos EUA, a "Grande Depressão" atinge o seu ponto crítico, fazendo-se sentir cada vez mais na Europa e em quase todo o mundo.
Um aspecto da Wall Street em Nova Iorque, após o colapso da Bolsa, em Outubro de 1929.
Thomas Mann recebe o Prémio Nobel da Literatura.
Eric Maria Remarque publica A Oeste Nada de Novo.
Ernest Heminghay publica O Adeus às Armas.
O desenhador belga Georges Rémi (Hergé) cria a personagem de BD, Tintin e publica-o na revista
Le Petit Vingtième.
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