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Factos Nacionais
No Cine-Teatro S. Luiz, em Lisboa realiza-se uma sessão de propaganda fascista com projecção de filmes e a presença de altas individualidades do III Reich Alemão, do Estado Italiano, Juventude Hitleriana, Juventude Fascista Italiana e Mocidade Portuguesa.
São decretadas novas reformas no ensino primário: Os professores são substituídos por regentes escolares (só com a instrução primária), o ensino é encurtado e as matérias simplificadas, é aprovado um livro único pelo MEN, professores e alunos são obrigados a ingressar na Mocidade Portuguesa, as professoras só podem casar mediante autorização especial do MEN.
Miguel Torga publica O Outro Livro de Job.
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Grupo de jovens da Mocidade Portuguesa.
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José Régio
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É publicado, em Coimbra, o livro de poemas As Encruzilhadas de Deus.
É levada à cena, no Teatro Portalegrense, a peça Sonho duma Véspera de Exame, por um grupo de alunos do Liceu de Portalegre.
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Querido Régio:
Acabo de ler o seu livro, de que gostei muitíssimo. [...D]á-me o meu querido Régio o prazer muito pessoal de verificar que a sua obra demonstra perfeitamente uma das minhas teses: a de que as maiores complicações sentimentais se podem exprimir numa forma pura, simples, apertada, rigorosa, clara e clássica. Os tão odiados rigores formais redundam num peso que esmaga os fracos; para os fortes, pelo contrário, são um excitante da inspiração, e obrigam o escritor, muitas vezes, a achar o mais rigoroso e original. Demonstra ainda uma outra coisa: que não há incompatibilidade alguma entre a inspiração e o sentimento, por um lado, e, por outro, o senso crítico, - para os verdadeiros artistas, claro está; quem não é verdadeiro artista é que não pode conciliar as duas forças. Em cada uma das páginas das suas poesias - direi que em cada verso - se sente actuação de uma inteligência crítica. Nas incompatibilidades e compartimentos estanques só podem acreditar os cérebros medíocres, que não sentem em si próprios a unidade do espírito. Em suma: mando-lhe cá de longe um afectuosíssimo abraço pelo seu livro. Escrevo-lhe à sombra de um loureiro-rosa; se estivesse aqui, tecer-lhe-ia uma coroa com as folhas dele, ou com as próprias flores.
Carta de António Sérgio para José Régio de 21/9/1936.
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