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Inédito


dá-me os teus olhos

eles são lagos, crateras de atenção, e a tua boca na minha torna o meu vestido num fragmento de mim, tecido-terra por onde circula a claridade

dá-me os teus olhos

esta é a hora temperada de excepcionalidade, de um não-pensar, via da consolação e dom, momento em que nada se disse e não importou

dá-me os teus olhos, só assim serei alguém de amor

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© Instituto Camões, 2006