No tempo dos castelos...

PARTE 2
Leitorado de Português da Universidade Autónoma de Madrid
Leitora: Dr.ª Filipa Soares

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… ajoelhado, perto da princesa e com sangue nas mãos. O rei não quis ouvir Artur e mandou-o prender nas frias masmorras do castelo.
Uns dias mais tarde, Artur foi condenado à morte e executado ao anoitecer. Cortaram-lhe a cabeça mas nesse exacto momento, antes da sua execução, a lua desapareceu, os lobos uivaram ferozmente e a todos aqueles que nesse momento estavam a assistir a esse tétrico espectáculo, congelou-se-lhes o sangue. Quando a cabeça caiu no cesto, um nevoeiro espesso envolveu o lugar e o corpo desapareceu.
Um ano após este triste acontecimento, numa noite sem lua e um nevoeiro impressionante, o rei apareceu morto, decapitado, assim como todos aqueles que tinham presenciado a execução do cavaleiro Artur.
Entretanto, muitos camponeses juraram ter visto um homem a cavalo com a cabeça nas mãos, iniciando-se assim o boato de que “o cavaleiro sem cabeça” regressara para vingar a sua morte e a dos verdadeiros culpados da morte da sua amada.
Alguns anos mais tarde, na aldeia de Abaixo-os-Castelos, Ana Joana, rapariga morena, de olhos cinzentos e feições suaves, criada do conde Nuno de Olvide, descobriu, enquanto limpava a antiga sala de retratos do castelo, por trás do quadro do bisavô do conde de Olvide, um pedaço de papel amarelado pelo tempo com umas anotações quase ilegíveis mas aonde ainda se podia ler:
“Eu, Felipe Sebastião de Olvide, confesso perante Deus e os mortais, pressentindo a próxima vinda da minha morte, que Artur Silva dos Santos é inocente e foi injustamente executado pela morte da princesa Isabel…” O resto era impossível de ler.
Nesse momento entrou o conde e viu a Ana Joana. Era a primeira vez que se encontravam…

continuação

Autores
Grupo de português Nível Intermédio
Chus Medina Reina
Nohemi Gil
Irene Fernández

© Instituto Camões, 2000