Turismo Literário |
Depois
de ter vivido uma experiência traumática na Universidade de Coimbra, Sá-Carneiro
chegou a Paris em 1912 para estudar Direito. Mas o seu propósito de tirar
a licenciatura foi bem cedo abandonado porque o autor ficou fascinado pela
mágica atmosfera que a capital lhe ofereceu. Paris era naquela época um
importantíssimo ponto de encontro dos maiores literatos e artistas em
geral. E um homem como o nosso poeta e escritor, que ansiava ser
circundado por um contexto intelectual estimulante, foi conquistado por
este novo mundo. De Paris ele amou particularmente os ritmos de vida,
marcados pelas contínuas reuniões dos intelectuais nos cafés literários.
O mesmo Sá-Carneiro foi um assíduo frequentador destes lugares e
especialmente dos cafés "Du Riche" e "Du Cardinal".
Ele ia ali não só para “tertuliar” com os outros artistas sobre
assuntos de actualidade, mas também para compor as suas obras e para
escrever cartas aos seus amigos portugueses. Ou, como ele mesmo diz num
poema intitulado "Cinco Horas", para “esperar a vida que nunca
vem ter comigo". E se os cafés se tornam "o campo da acção e
toda a cobiça" deste homem cheio de saudade, Paris acaba por ser a
sua maior paixão. No poema "Abrigo" podemos encontrar o
testemunho desta relação especial: "Paris -
meu lobo e amigo... - Quisera
dormir contigo, ser todo a tua mulher". Tão
apaixonadas são as palavras que este poeta dedicou à cidade, que o
recebeu até àquele infeliz dia em que, vestido com um fraque, Mário de
Sá-Carneiro decidiu matar-se. E foi mesmo naquele momento tão triste
para as pessoas que o amaram que o nosso poeta se abandonou nos braços
queridos de Paris. Antonello
Nitti |
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