Século XIX

José Leite de Vasconcelos

José Leite de Vasconcelos
José Leite de Vasconcelos, por Elisabeta Mariotto José Leite de Vasconcelos(1858-1941) José Leite de Vasconcelos Pereira nasceu em Ucanha, concelho de Tarouca, a 7 de julho de 1858. Passou a infância e a adolescência no meio rural, onde teve contacto com as tradições e os costumes locais. Aos 18 anos, deixou a Beira para ir viver no Porto, onde exerceu a atividade de docência, num liceu, para ajudar no sustento da sua família. Licenciou-se em Ciências Naturais, em 1881, e em Medicina, pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto, em 1886. Durante o curso de Medicina, escreveu uma das suas primeiras obras: Tradições Populares Portuguesas. Na sua tese de licenciatura, intitulada A Evolução da Linguagem, já dava sinais das duas paixões que iriam determinar a sua carreira: a filologia e a arqueologia. Exerceu a profissão de médico durante apenas um ano, assumindo as funções de subdelegado de saúde do Cadaval, distrito de Lisboa. Em 1888, tomou posse na Biblioteca Nacional, onde trabalhou durante 23 anos. Em 1901, doutorou-se em Filologia, com honras, na Universidade de Paris, com a tese Esquisse d'une dialectologie portugaise. Empenhou-se na criação de um museu dedicado ao conhecimento das origens e tradições do povo português, criando o Museu Etnográfico Português (atual Museu Nacional de Arqueologia). Inicialmente, este museu estava instalado numa sala da Direção dos Trabalhos Geológicos, tendo sido transferido, em 1900, para uma ala do Mosteiro dos Jerónimos. Em 1911, foi convidado a lecionar Filologia Clássica na recém-criada Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sendo, assim, obrigado a abandonar a Biblioteca Nacional, mas sem deixar de dirigir o Museu Etnográfico. Na Faculdade de Letras, lecionou também Numismática, Epigrafia e Arqueologia. Reformou-se em 1929, quando começou a dedicar-se, exclusivamente, à escrita. Faleceu em Lisboa, a 17 de maio de 1941, deixando, como legado, obras que compreendem as áreas da etnografia, filologia, arqueologia, numismática e epigrafia. Leite de Vasconcelos é considerado o fundador da dialetologia portuguesa. Desenvolveu o primeiro estudo sobre o Mirandês, publicado em 1882, sob o título O Dialecto Mirandez, estudo este que foi, posteriormente, aprofundado e publicado numa obra de dois volumes, intitulada Os Estudos de Filologia Mirandesa (1900-1901). Em 1894, publicou a Carta Dialectológica de Portugal Continental, na qual distingue os dialetos portugueses. Em 1901, na sua tese de doutoramento, acrescentou os dialetos insulares (açoriano e madeirense) e os dialetos do "ultramar" (brasileiro e indo-português), além dos dialetos crioulos, o português dos judeus (Amesterdão e Hamburgo) e o Galego. Continuou a desenvolver seus estudos sobre os dialetos portugueses, acrescentando ao Mapa Dialectológico de Portugal Continental (1929) três variedades do dialeto de Trás-os-Montes: Peso da Régua, Alijó e Boticas (Barroso). Os estudos de Leite de Vasconcelos serviram de inspiração e orientação a vários linguistas, que se dedicaram a continuar o trabalho de investigação e de descrição dos dialetos portugueses. Paiva Boleó publicou, em 1958, juntamente com Maria Helena Santos Silva a obra Mapa de Dialectos e Falares de Portugal Continental, um estudo baseado nas investigações de Leite de Vasconcelos. Lindley Cintra também se dedicou exaustivamente ao estudo sobre os dialetos portugueses. Em 1971, elaborou uma Nova Proposta dos Dialectos Galego-Portugueses, apresentando, anos mais tarde, Estudos de Dialectologia Portuguesa (1984). Em 1992, publicou o Mapa dos Dialectos de Portugal Continental e da Galiza, onde expande a classificação dos dialetos portugueses feita por Vasconcelos, distinguindo os dialetos galegos, os dialetos portugueses setentrionais, os centro-meridionais e os dialetos leonenses. Todos estes estudos foram influenciados pelas investigações de Leite de Vasconcelos, o que nos leva a concluir que a sua obra foi de extrema importância para o desenvolvimento da linguística em Portugal. Segundo Manuel Heleno (1960), Leite de Vasconcelos dominava as mais variadas fontes de saber que lhe permitiam um poder de se relacionar de forma única com história da cultura portuguesa. Além disso, sua obra caracterizou-se por um profundo sentido nacional devido à aplicação das conquistas da ciência universal ao campo português, tendo todo o seu trabalho aberto novas perspetivas à ciência em Portugal. Bibliografia ativa: • Castro, I. (2005). Os Opúsculos de Leite de Vasconcelos. http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/etnologia/opusculos/index.html • Guimarães, R. D. (2010). José Leite de Vasconcelos e o Percurso da Dialectologia Portuguesa. http://repositorio.utad.pt/handle/10348/1530 • Heleno, M. (1960). José Leite de Vasconcelos: Livro do Centenário (1858-1958). Lisboa: Imprensa Nacional. Bibliografia passiva: • Vasconcelos, L. (1882). O Dialecto Mirandês. Revista Lusitana. Lisboa. • Vasconcelos, L. (1894). Carta Dialectológica de Portugal Continental. Lisboa. • Vasconcelos, L. (1897). Mapa Dialetológico do Continente Português. Lisboa. • Vasconcelos, L. (1900-1901). Os Estudos de Filologia Mirandesa. Lisboa. • Vasconcelos, L. (1901). Esquisse d'une dialectologie portugaise. Paris. Université. (Edição portuguesa: Esquisse d'une dialectologie portugaise. Lisboa. Instituto Nacional de Investigação Científica / Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. 3ª edição. 1987). • Boleó, P. & Silva. M. H. S. (1958). Mapa de Dialectos e Falares de Portugal Continental. Coimbra: Universidade. • Cintra, L. (1971). Nova Proposta dos Dialectos Galego-Portugueses. In: Boletim de Filologia XXVI. Lisboa: Centro de Estudos Filológicos. • Cintra, L. (1984). Estudos de Dialectologia Portuguesa. Lisboa: Sá da Costa. • Cintra, L. (1992). Mapa dos Dialectos de Portugal Continental e da Galiza. In: Atlas da Língua Portuguesa na História e no Mundo. Lisboa: Comissão para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses. Lisboa: União Latina.

João de Andrade Corvo

João de Andrade Corvo
João de Andrade Corvo, por Elisabeta Mariotto João de Andrade Corvo(1824-1890) João de Andrade Corvo nasceu em Torres Novas, a 30 de janeiro de 1824. Dez anos depois, transferiu-se com a família para Lisboa, realizando os seus estudos na capital portuguesa. Foi um homem de múltiplos interesses. Frequentou os cursos de Matemática e Ciências Naturais, Engenharia e Medicina e desempenhou as funções de agrónomo, professor, escritor e político. Como agrónomo, desenvolveu vários estudos sobre a agricultura e foi professor do Instituto Agrícola e da Escola Politécnica de Lisboa. Publicou, na Coleção Biblioteca de Agricultura e Ciências, algumas obras dedicadas ao ensino agrícola. Desenvolveu desde cedo o gosto pela poesia, publicando poesias e artigos em vários jornais e revistas da época. Foi um dos fundadores da Sociedade Escolástica Diplomática, a que pertenceram Mendes Leal, Tomaz de Carvalho, Luiz Augusto Palmeirim, entre outros. Escreveu notáveis romances, como Um ano na Corte (1850-1851), a sua obra mais popular, e Sentimentalismo (1871). Também foi autor de textos dramáticos históricos, como Um Conto ao Serão (1852), O Astrólogo (1859) e O Aliciador (1859), peças às quais o público respondia com entusiasmo. Como político, iniciou sua carreira, em 1865, como deputado, assumindo, no ano seguinte, o cargo de ministro das obras públicas até 1868, contribuindo para o desenvolvimento da rede ferroviária nacional. Em 1869, foi enviado para Madrid para exercer o cargo de Ministro de Portugal, permanecendo um ano na capital espanhola. Foi ministro dos negócios estrangeiros de Portugal, entre 1871 e 1878, durante o governo de Fontes Pereira de Melo. Faleceu a 16 de fevereiro de 1890. Andrade Corvo foi um homem que se dedicou ao desenvolvimento de Portugal. Acreditava que o crescimento do país dependia do investimento no ensino, considerando que a civilização, a liberdade, o progresso e a indústria do país estariam diretamente ligados ao nível de instrução do seu povo. Além disso, acreditava que Portugal tinha forças e oportunidades suficientes para se reerguer enquanto potência e, para tanto, deveria dedicar-se ao trabalho, à ciência, à educação moral e à correta administração pública. Só assim o país conseguiria o respeito que outros Estados de pequeno porte como a Dinamarca, a Bélgica e a Holanda haviam conquistado. Enquanto ministro dos negócios estrangeiros, lançou, em 1877, um conjunto de iniciativas de exploração destinadas a conhecer a zona que separava Angola de Moçambique. Dez anos mais tarde, durante o mandato do ministro dos negócios estrangeiros Henrique de Barros Gomes, lançou-se o projeto que ficou conhecido como "Mapa cor-de-rosa". Neste projeto, Portugal manifestava a sua pretensão a unificar os territórios de Angola e Moçambique numa vasta faixa que ligava o Oceano Atlântico ao Oceano Índico. No entanto, isto provocaria uma crise nas relações diplomáticas de Portugal com o Reino Unido, pois ambos manifestavam o interesse em dominar a mesma região. O objetivo inglês era construir uma ferrovia que atravessaria todo o continente africano, ligando o Cairo à Cidade do Cabo. Andrade Corvo foi um homem à frente do seu tempo. Anteviu os perigos dos ideais germânicos, fundados sobre a identidade de raça e o desejo de supressão dos pequenos estados para a formação de um grande império. Considerava que as teorias antropológicas que vigoravam no século XIX e que dividiam a humanidade em distintas raças eram uma fantasia perigosa e que tinham sido inventadas para justificar as violências e o desejo de dominação dos grandes impérios. Acreditava que não existia fundamento na separação da humanidade em raças, constituídas por nacionalidades específicas, pois os Estados Unidos representavam o exemplo oposto de que uma nação erguida pela convergência de povos poderia se edificar e atingir um alto nível de desenvolvimento capaz de conquistar o respeito das outras nações desenvolvidas. Desta forma, Andrade Corvo considerava que a única garantia de superação das ameaças que enfrentavam as pequenas e médias nações europeias, no confronto das ambições imperiais germânicas, seria a criação de uma instituição que regulasse o direito internacional e a autonomia das nações. Além disso, também esteve envolvido em projetos de desenvolvimento das colónias portuguesas, na criação de infra-estruturas nas colónias e no processo de abolição da escravatura. João de Andrade Corvo é considerado, por muitos, o pai da diplomacia portuguesa moderna. Revelou, durante toda a sua vida, uma capacidade única de analisar os principais desafios políticos e as estratégias que Portugal deveria adotar para se reerguer como potência e conquistar o respeito perante o mundo. Bibliografia ativa • Lemos, R. S. (2007). João de Andrade Corvo: ficha bio-bibliográfica. Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Edição Eletrónica: http://www.fd.unl.pt/ConteudosAreasDetalhe_DT.asp?I=1&ID=1736 • Calafate, P. (2006). Guerra Junqueiro. In: Portugal como problema – Século XIX: A decadência. Lisboa : Fundação Luso-Americana. • Calafate, P. (2009). O Pensamento Político e Geoestratégico de João de Andrade Corvo. Revista Estudos Filosóficos. Vol. 3 (67-75). Bibliografia passiva • CORVO, J. A. (1854) - Memória sobre a mangra : ou doença das vinhas nas ilhas da Madeira e Porto Santo. Lisboa : Typ. da Academia Real das Sciencias. • CORVO, J. A. (1868) - A questão do caminho de ferro de sueste. Lisboa : Typographia Portugueza. • CORVO, J. A. (1863) - Um ano na corte. Porto : Em casa da viuva Moré. • CORVO, J. A. (1866) - A instruçäo publica : discurso pronunciado nas sessöes de 9, 10 e 11 de Abril de 1866. Lisboa : Typ. da Sociedade Typ. Franco-Portugueza. • CORVO, J. A. (1870) – Perigos. Lisboa : Typ. Universal. • CORVO, J. A. (1871) - O sentimentalismo. Coimbra : Imprensa da Universidade. • CORVO, J. A. (1874) - Aboliçäo da emigraçäo de chinas contratados em Macau : relatório e documentos apresentados às cortes na sessäo legislativa de 1874. Lisboa : Imprensa Nacional. • CORVO, J. A. (1875) - Agricultura : relatório sobre a Exposiçäo Universal de Paris. Lisboa : Imprensa Nacional. • CORVO, J. A. (1881) - Da água para as regas. Lisboa : Empreza Commercial e Industrial Agrícola. • CORVO, J. A. (1881) - Economia política para todos. Lisboa : Empreza Commercial e Industrial Agricola. • CORVO, J. A. (1883) - Os motores na indústria e na agricultura Lisboa : Empreza Commercial e Industrial Agricola, 1883.- 158 p. : il. ; 16 cm. • CORVO, J. A. (1883-1887) - Estudos sobre as províncias ultramarinas. Lisboa : Typografia Real das Sciencias.

Moniz Barreto

Moniz Barreto
Moniz Barreto, por Carlos Leone De origem goesa, onde cursou o Liceu e se familiarizou com a Literatura e a língua inglesas (algo incomum na cultura portuguesa de então, sobretudo francófona), Moniz Barreto (1863-1899) terá sido o principal autor entre os que ensaiaram uma via científica na crítica literária, muito embora a sua morte prematura não lhe tenha permitido alcançar uma influência sobre o seu tempo, com o qual veio a partilhar uma antipatia a Inglaterra por força da questão do Ultimato de 1890. Em Lisboa frequentou desde 1880 o Curso Superior de Letras, escola onde foi aluno de Teófilo Braga, Jaime Moniz, Ferreira-Deusdado, Adolfo Coelho, entre outros. Os ensaios que escreverá evocam-nos várias vezes, quase sempre saudosamente; no entanto não se distinguiu entre os colegas (o que não significa que estes o desconsiderassem). Mas a instituição teve influência duradoura no espírito do jovem Moniz Barreto pelo ambiente positivista instaurado por Teófilo e seus seguidores (mesmo se se tratava de um positivismo com originalidades pouco comteanas). Assim, a uma formação juvenil tradicionalista sucedeu uma imersão na variante local do espírito materialista não dialético corrente em Portugal à época, com toda a singularidade que isso acarretava e que decerto terá transparecido aos olhos de Moniz Barreto quando, na década seguinte, frequentou em Paris vários seminários da Universidade local. Uma combinação improvável e de árdua conciliação, mais a mais tendo Moniz Barreto experimentado desde muito cedo as manhas do «Portugal histórico»: sem oportunidade de desenvolver a atividade científica regular que talvez o tivesse feito aprimorar o seu genuíno compromisso com o trabalho intelectual, começou por ser bibliotecário (na Câmara Municipal de Lisboa) e deu início a uma intensa atividade como crítico e publicista na Imprensa do seu tempo: Jornal de Comércio, O Repórter e, entre outros, sobretudo a Revista de Portugal dirigida por Eça, foram tribunas de distinção para o jovem letrado que assim persistiu na exposição das suas tendências intelectuais sincréticas mais do que as questionou. O golpe de misericórdia deu-se na forma, ainda hoje tão usual, de um concurso simulado para admissão ao professorado (nos caso um lugar de docente de História no Colégio Militar) do qual Moniz Barreto foi excluído para se proceder a um ajuste direto. Ainda tentou o jornalismo no Brasil, onde a desilusão chegou rápida, e a partir de 1894 fixou-se em Paris. Aí, as desilusões anteriores, os problemas de saúde e a escassez de meios de subsistências, aliadas a um temperamento dado ao isolamento, foram o bastante para o seu pensamento e o seu estilo não evoluírem. Morreu literalmente consumido em 1899, consumido por si e pelo país que amava, ignorado pela Pátria de acolhimento. Tinha sido ‘lançado’ por Eça quando, no primeiro número da sua Revista de Portugal (1889), publicou “A Literatura Portuguesa Contemporânea”, trabalho no qual as marcas da ciência em clave positivista estão já bem patentes. Na década seguinte, até à sua morte, nunca abdicou dessa cientificidade mas aprofundou-a num sentido cada vez mais psicologicizante (em especial no seu Oliveira Martins de 1892). Rapidamente reconhecido como um autor a considerar (Silva Gaio dedicar-lhe-á em 1894 a integralidade do volume I da sua obra Os Novos), certo é que a sua restante produção é pontual e dispersa, tendo sido coligida em volume apenas no século XX em antologias de Vitorino Nemésio (Ensaios de Crítica, 1944) e de Castelo Branco Chaves (Estudos dispersos, 1963). A sua ambição científica nunca encontrou um trabalho que lhe permitisse exprimir-se completamente; quando morreu, em Paris, tinha-se isolado mesmo dos seus amigos mais próximos, por força de um orgulho que o levava a rejeitar apoios. Esse temperamento sobressai também nos textos, ora apaixonantes ora entediantes, mas sempre carregados de convicção, mesmo quando tenta, sem sucesso, distanciar-se da sua própria condição (Eça, com o tempo, cansou-se disso mesmo). Fiel ao europeísmo das correntes intelectuais do seu tempo, Guilherme Moniz Barreto estudou com igual interesse não só autores portugueses mas também estrangeiros (como Taine, talvez a sua maior influência teórica), e por isso, hoje, a Imprensa Nacional ultima uma nova edição das suas obras, refundindo as duas edições anteriores segundo novos critérios. Sobre Moniz Barreto, cf. Barreto, Guilherme Moniz» por António Salgado Júnior, em Prado Coelho, J., dir., Dicionário de Literatura, vol. 1, pp.178, Mário Figueirinhas Editor, Porto, 1997 (4ª ed.) e o mais recente estudo, de 1989, por António Braz Teixeira, «Barreto (Guilherme Moniz)» in Enciclopédia Logos, Verbo, Lisboa/São Paulo (reimpr. 1997, col. 610/611).

Guerra Junqueiro

Guerra Junqueiro
Guerra Junqueiro, por Elisabeta Mariotto Abílio Manuel Guerra Junqueiro(1850-1923) Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em Freixo de Espada à Cinta a 17 de setembro de 1850. Fez os estudos os preparatórios no Liceu de Bragança e frequentou o curso de Teologia da Universidade de Coimbra durante dois anos. Compreendendo que não tinha vocação para a vida religiosa, transferiu-se para o curso de Direito daquela universidade, concluindo-o em 1873. Ainda durante o curso de Direito, começou a manifestar notável talento poético, sendo considerado um dos nomes mais promissores da nova geração de poetas portugueses da época. Em 1868, publicou o opúsculo O Aristarco Português e a obra Baptismo de Amor. Sendo antimonárquico, manifestou as suas ideias republicanas em 1873, publicando o poemeto À Hespanha Livre, em que celebrou a proclamação da república espanhola. Em 1874, publicou A Morte de D. João, obra que obteve um enorme sucesso, recebendo apreciações críticas de escritores de grande renome como Camilo Castelo Branco e Joaquim Pedro de Oliveira Martins. Em Coimbra, começou a sua carreira literária promissora como redator do jornal literário A Folha. Transferindo-se posteriormente para Lisboa, foi colaborador de jornais políticos e artísticos, como o jornal A Lanterna Mágica. Entrou para o funcionalismo público e tornou-se secretário-geral do governador civil dos distritos de Angra do Heroísmo e de Viana do Castelo. Em 1878, foi eleito deputado pelo círculo de Macedo de Cavaleiros, nunca deixando de se dedicar, entretanto, à literatura. Publicou, em 1879, a obra A musa em Férias, que reúne grande parte das suas poesias. Faleceu em Lisboa a 7 de julho de 1923. Guerra Junqueiro teve um papel extremamente importante no cenário cultural de Portugal. Foi classificado o "Victor Hugo português" devido à sua importância e foi considerado, por muitos, o maior poeta social português do século XIX. Recebeu o reconhecimento de escritores contemporâneos importantes, como Eça de Queirós, que o considerou "o grande poeta da Península", como Sampaio Bruno, que viu nele o maior poeta da contemporaneidade, e como Teixeira de Pascoais, que o classificou "um poeta genial". Fernando Pessoa também manifestou a sua admiração por Guerra Junqueiro, classificando Pátria uma obra "superior aos Lusíadas". Da mesma forma, Miguel de Unamuno, escritor espanhol, também considerou-o "um dos maiores poetas do mundo". A sua obra poética aborda temas sociais que refletem o panorama da sociedade portuguesa dos finais do século XIX e do início do século XX. O anticlericalismo e o ataque à burguesia corrupta são temas marcantes da obra de Guerra Junqueiro, que apresenta um profundo descontentamento com a decadência de Portugal e com postura do rei Dom Carlos e de toda a dinastia Bragança face ao destino do país. Considerava que Portugal estava entregue a uma monarquia que indiferente ao desenvolvimento do país, e desprovida de moral, porquanto entregue aos interesses ingleses. Junqueiro considerava, portanto, que o país havia entrado numa decadência moral e que só poderia se reerguer quando conseguisse redefinir a sua própria identidade, através da revolução moral. Guerra Junqueiro foi militante do Partido Progressista durante o período monárquico e colaborou ativamente com a República após a sua instauração, em 1910. Obteve reconhecimento dos seus serviços em prol do ideal Republicano, sendo nomeado Ministro Plenipotenciário da República Portuguesa na Suíça, função que ocupou até 1914. Manifestou a sua oposição à monarquia em poemas como Finis Patriae, Canção do Ódio e Pátria, instigando nos seus leitores um sentimento de descrédito em relação ao sistema de governo em vigor. Uma das maiores críticas de Junqueiro à monarquia deveu-se à cedência do rei Dom Carlos ao Ultimato Inglês, que resultou, em 1890, no fim do projeto colonial português do Mapa Cor-de-Rosa. Este projeto visava os territórios da costa de Angola à costa Moçambicana. Guerra Junqueiro marcou, inegavelmente, o cenário da cultura e da literatura portuguesas. Foi reverenciado por vários escritores de renome e continua a ser considerado uma figura de extrema importância no panorama português. Além de grande escritor, foi uma personagem politicamente ativa na instauração da república portuguesa. Obteve reconhecimento não só a nível nacional, mas também internacional, tendo ultrapassado fronteiras e influenciado pensadores de todo o mundo. Bibliografia ativa • Amaral, M. (2000-2012). Guerra Junqueiro. In: Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico. Edição eletrónica: http://www.arqnet.pt/dicionario/guerrajunqueiro.html • Calafate, P. (2006). Portugal como problema – Século XIX: A decadência. Lisboa : Fundação Luso-Americana. • Pereira, H. M. S. (2008). Guerra Junqueiro. In: Revisitar e Descobrir Guerra Junqueiro. Universidade Católica Portuguesa do Porto. Edição eletrônica: http://artes.ucp.pt/guerrajunqueiro/revisitardescobrir.html Bibliografia passiva • Junqueiro, G. (1874). A Morte De D. João. Porto : Livraria More. • Junqueiro, G. (1875). Contos para a Infância. • Junqueiro, G. (1879). A Musa Em Férias. Lisboa : Typographia Universal. • Junqueiro, G. (1885). A velhice do padre eterno. Porto : Livraria Minerva. • Junqueiro, G. (1890). Finis Patriae. Porto : Empreza Litteraria e Typographica-Editora. • Junqueiro, G. (1892). Os Simples. Porto : Typographia Occidental. • Junqueiro, G. (1903). Oração Ao Pão. Porto : Livraria Chardron. • Junqueiro, G. (1915). Pátria. Porto : Livraria Chardron. • Junqueiro, G. (1920). Poesias Dispersas. Porto : Livraria Chardron.

Oliveira Martins

Oliveira Martins
Oliveira Martins, por Sérgio Campos Matos Oliveira Martins Historiador, economista, antropólogo, crítico social e político, a sua ação e os seus trabalhos suscitaram controvérsia e tiveram considerável influência, não apenas em historiadores, críticos e literatos do seu tempo e do século XX, mas na própria vida política portuguesa contemporânea. Desde 1867, Oliveira Martins experimentou diversos géneros de divulgação cultural: romance e drama históricos, ensaios de reflexão histórica e política e doutrinária. Mas essas tentativas, de valor desigual, não alcançaram grande sucesso. Em 1879, dá-se uma inflexão no seu percurso intelectual, com o início da publicação da Biblioteca das Ciências Sociais, de sua exclusiva autoria. Embora alheia a intenções doutrinárias e ao espírito de sistema dominante na época (positivismo, determinismos vários), não deixaria de, pontualmente, exprimir estas tendências. Pelo largo fôlego e diversidade de matérias que pretendia abarcar - história peninsular, história nacional e ultramarina, história de Roma, antropologia, mitos religiosos, demografia, temas de economia e finanças, etc. - a coleção constituiu um projeto sem precedentes no meio cultural português da Regeneração, com o objetivo de generalizar todo um conjunto de saberes entre um público alargado. O empreendimento editorial ficaria marcado pelo autodidatismo de Oliveira Martins, uma curiosidade científica sem limites e um bem evidente pendor interdisciplinar e globalizante. Esse autodidatismo é afinal indissociável do próprio percurso biográfico e profissional do historiador. Na verdade, devido à morte do seu pai, Martins não chegara a concluir o curso liceal e cedo se dedicou à atividade profissional como empregado em duas casas comerciais (1858-70). Exerceu depois funções de administrador de uma mina, na Andaluzia (Santa Eufémia, 1870-74). De novo em Portugal, dirigiu a construção da linha ferroviária do Porto à Póvoa e Famalicão e foi administrador da respetiva Companhia ferroviária. Entretanto era eleito presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto (1880) e depois nomeado diretor do Museu Industrial e Comercial do Porto (1884). Exerceu ainda as funções de administrador da Régie dos Tabacos (desde 1888), da Companhia de Moçambique (1888-90) e fez parte da comissão executiva da Exposição Industrial Portuguesa (1888). Em 1885, Oliveira Martins aprofundava a sua prática de redator da imprensa periódica com a fundação d'A Província (1885) e depois, já em Lisboa, d'O Repórter (1888). Para além destas experiências profissionais tão diversas e na sequência de várias candidaturas a deputado (1878-83), convicto da necessidade de reformar profundamente a vida política nacional, aderia ao Partido Progressista (1885), partido em que dinamizaria a chamada Vida Nova. Era eleito deputado (sucessivamente, de 1886 a 1894) e, em 1899, nomeado Ministro da Fazenda no ministério de José Dias Ferreira. Desempenharia este cargo apenas por quatro meses, devido a divergências com o chefe do governo. Na sua extensa obra podem distinguir-se as seguintes fases: 1867-1871: estreia, em múltiplos géneros (romance histórico, drama, crónica, crítica literária, artística, social e política); é uma fase sincrética de experimentação de ideias e primeiros tentâmes críticos. 1872-78: ensaio de temática histórica (1872 e 1878); crítica social e política; textos de doutrina e reflexão sobre o socialismo (1872-73); crónica de atualidade, de incidência diversa (Revista Ocidental, 1875); desenvolve-se e alarga-se, em termos de problemática, a anterior experimentação, centrando-se agora em três grandes áreas, a história e o pensamento social e político e os estudos sobre finanças. De apologista de uma república social e federalista, na sequência do malogro da República em Espanha, depressa passa a crítico sagaz do republicanismo (1873-74) e teórico do socialismo catedrático. 1879-1885: publicação da Biblioteca das Ciências Sociais, de temática muito variada, em que à aprendizagem do seu autor corresponde, de imediato, a apresentação pública dos resultados dessa autoformação. Define-se um vasto projeto de divulgação cultural e científica. Aprofunda-se e estrutura-se a visão da história de Portugal e abrem-se novos campos à sua curiosidade científica: geografia, arqueologia, antropologia, sociologia, psicologia coletiva, economia. 1885-1894: crónica política na imprensa periódica, ensaísmo histórico (por exemplo, Portugal nos Mares), biografias históricas e crónicas de viagem (respeitantes a Inglaterra e Espanha). Corresponde, em parte, à fase de mais intensa atividade política (1885-1892), ao abandono da Biblioteca das Ciências Sociais e à conceção de um plano de biografias históricas (desde 1889), concentrando-se o seu interesse no período áureo da história nacional (dos finais do séc. XIV ao séc. XVI) e nas suas personalidades representativas (Os filhos de D. João I, Nuno Álvares Pereira, D. João II). Esse tempo forte encerrava, a seu ver, as melhores experiências políticas e éticas para o presente. Oliveira Martins Quer no plano historiográfico quer no plano político-ideológico, Oliveira Martins ocupa um lugar singular no panorama cultural e político português da segunda metade do séc. XIX, que sempre resiste a quaisquer etiquetas que se lhe aponham. Teórico do socialismo de inspiração proudhoniana, evoluindo depois no sentido do reconhecimento da relevância da autoridade e da razão de Estado? Mentor do grupo dos Vencidos da Vida, no final do decénio de 1880? Historiador romântico, cultor de uma história narrativa, dramática, de expressão artística? Historiador metafísico, pessimista, filósofo da história? Divulgador de uma antropologia de cariz evolucionista e darwinista? Poderá admitir-se tudo isso, sem dúvida. Mas também é verdade que não deixou de manifestar uma intencionalidade científica (veja-se, por exemplo a História da Civilização Ibérica, 1879), teorética, de integração de uma pluralidade de métodos e saberes (geografia, antropologia, economia, ciência política, psicologia, história) numa leitura global da evolução histórica nacional e da própria humanidade. Como também evidenciou, sobretudo nas biografias históricas do final da vida, a par de indiscutíveis qualidades literárias e ensaísticas, empenho na pesquisa e utilização de fontes, nas quais procura escorar as suas obras. Sem esquecer a preocupação em rever aturadamente os seus trabalhos e pontos de vista anteriores: lembrem-se as sucessivas reestruturações a que submeteu o plano da Biblioteca das Ciências Sociais, a revisão da História de Portugal, tendo em conta diversas críticas que lhe haviam sido dirigidos, a reelaboração de Os Lusíadas. Ensaio sobre Camões e a sua obra (versão original, 1872) em 1891, ou as diversas propostas de periodização do percurso histórico nacional que sucessivamente adotou. Todavia, as qualidades do prosador de largos dotes artísticos sobrepõem-se, por vezes, às exigências do rigor histórico. No plano político, não deixa de ser sintomático o modo tão díspar como a sua intervenção na sociedade portuguesa foi julgada pelos seus contemporâneos. É um facto que aceitou o apoio de regeneradores numa candidatura independente a deputado (1878). Tal como aceitaria ser candidato oficial pelo Partido dos Operários Socialistas de Portugal às eleições de 1879, ou ainda integrar uma lista republicana candidato às eleições municipais de 1883, no Porto. São conhecidas as suas intenções reformadoras quando aderiu ao Partido Progressista (1885). Percurso muito criticado e discutido, deve contudo compreender-se tendo em conta a apreciação que Oliveira Martins fazia da vida política nacional e das suas insuficiências no ponto de vista da relação entre os políticos e a sociedade civil e sobretudo das limitações da opinião pública. Bem como nunca perdendo de vista o quadro do seu projeto reformista, independente e suprapartidário, não prescindindo, todavia, do concurso dos partidos políticos, e tendo em conta a subalternização da questão formal do regime (atitude que partilhava com Antero de Quental). A multiplicidade de pontos de vista que sempre aflora em tão diversa reflexão teórica complexifica extremamente a compreensão do seu legado. Ainda hoje a obra de Oliveira Martins suscita interpretações e juízos tão desencontrados como há um século atrás - sobretudo no que respeita à sua historiografia e ao pensamento social e político que deixou. O que permanece indiscutível é a indelével presença do seu espírito crítico entre nós, a fina lucidez da sua compreensão dos problemas portugueses. Bibliografia Ativa (selecionada) Febo Moniz, Lisboa, Empresa Lusitana Ed. s.d. (1867);Os Lusíadas. Ensaio sobre Camões e a sua obra, em relação à sociedade portuguesa e ao movimento da Renascença, Porto, Imprensa Portuguesa Ed., 1872.;Teoria do socialismo (pref. de António Sérgio), Lisboa, 1952 (1.ª ed., 1872);Portugal e o Socialismo (pref. de António Sérgio), 2.ª ed., Lisboa, 1953 (1873);A circulação fiduciária. Memória apresentada à Academia Real das Ciências de Lisboa, Lisboa, PAMP, 1923 (1878);História da civilização ibérica, 8.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1946 (1.ª ed., 1879);História de Portugal. Edição crítica (introd. de Isabel de Faria e Albuquerque e pref. de Martim de Albuquerque), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, s.d. [1988];Portugal Contemporâneo, 3 vols., Lisboa, Guimarães Editores,, 1953 (1.ª ed., 1881);O Brasil e as colónias portuguesas, 5.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1920 (1.ª ed., 1880);Elementos de Antropologia, 7.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1954 (1880);As raças humanas e a civilização primitiva, 4.ª ed., 2 vols., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1921 (1881);Sistema dos mitos religiosos (pref. de José Marinho), 4.ª ed., Lisboa, 1986 (1882);Quadro das instituições primitivas, 3.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1909 (1883);O Regime das riquezas, 3.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1917 (1883);Tábuas de cronologia e geografia histórica, Lisboa, Livraria de António Maria Pereira Ed., s. d. ( 1.ª ed., 1884);Política e economia nacional, 2.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1954 ( 1.ª ed, 1885);História da República Romana, 4.ª ed., 2 vols, Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1927 (1885);Camões, Os Lusíadas e a Renascença em Portugal, 4.ª ed., Lisboa, Guimarães Ed., 1986 (texto correspondente ao da 2.ª ed., 1891);Portugal nos Mares, Lisboa, Guimarães Editores, 1994 (1889 e 1924);Os filhos de D. João I, 2 vols., Lisboa, Guimarães Editores, 1983 (1.ª ed., 1891);A vida de Nun'Álvares, 9.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1984 (1.ª ed., 1893);A Inglaterra de hoje, Lisboa, Guimarães Editores, 1951 (1893);Cartas peninsulares, Lisboa, Liv. António M.Pereira, 1895;O Príncipe Perfeito (pref. de H. Barros Gomes), 6.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1984;Dispersos (sel., pref. e notas de António Sérgio), 2 vols, Lisboa, Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1924;Correspondência de J.P. de Oliveira Martins, (pref. e anotada por F.A. de Oliveira Martins, Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1926;Perfis (pref. de Luís de Magalhães), Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1930;Páginas desconhecidas (Introd., coorden. e notas de Lopes de Oliveira), Lisboa, Seara Nova, 1948;Literatura e filosofia (pref. de Cabral do Nascimento), Lisboa, Guimarães Editores, 1955;O Jornal, Lisboa, Guimarães Editores, 1960;Política e história, 2 vols., Lisboa, Guimarães Editores, 1957; Fomento rural e emigração, 3.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1994. Bibliografia Passiva Cadernos do Noroeste. Actas do Colóquio Oliveira Martins, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, vol.7, n.º 1, 1994; Pedro CALAFATE (introd. e selecção de textos), Oliveira Martins, Lisboa, Ed. Verbo, 1990; Fernando CATROGA, "História e ciências sociais em Oliveira Martins", in História da História em Portugal sécs. XIX-XX, Lisboa, Círculo de Leitores, 1996, pp. 117-159; Fidelino de FIGUEIREDO, História d'um "Vencido da Vida", Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1930; Paulo FRANCHETTI, "No centenário da morte de Oliveira Martins", J.M. Eça de Queiroz, J.P. Oliveira Martins, Correspondência, São Paulo, UNICAMP, 1995; V. Magalhães GODINHO, Ensaios III. Sobre teoria da história e historiografia, Lisboa, Sá da Costa, 1971; Manuel Viegas GUERREIRO, Temas de antropologia em Oliveira Martins, Lisboa, ICLP, 1986; Amadeu Carvalho HOMEM, "Oliveira Martins", História de Portugal (dir. de João Medina), vol. IX, Lisboa, Ediclube, 1993, pp.145-148; Inventário do espólio de Oliveira Martins (org. de Maria José Marinho e A. Braz de Oliveira; cronol. de Carlos Maurício), Lisboa, 1995; Joaquim Pedro de Oliveira Martins. In Memoriam, s.l., n.d.(1902); Eduardo LOURENÇO, "Lembrança de Oliveira Martins - história e mito", Oliveira Martins e os críticos da História de Portugal, Lisboa, IBNL, 1995; Álvaro M. MCHADO, Les romantismos au Portugal. Modeles etrangers et orientations nationales, Paris, FCG, 1986; Guilherme de Oliveira MARTINS, Oliveira Martins. Uma biografia (pref. de Eduardo Lourenço), Lisboa, s.d.; Sérgio Campos MATOS, "Na génese da teoria do herói em Oliveira Martins", Estudos em homenagem a Jorge Borges de Macedo, Lisboa, INIC, 1992, pp. 475-504; Id., Historiografia e memória nacional no Portugal do século XIX (1846-1898), Lisboa, Ed. Colibri 1998; Carlos C. MAURÍCIO, A imagem humana. O caso de Oliveira Martins, 1867-1955, Lisboa, ISCTE, 1995 (dactil.); João MEDINA, As Conferências do Casino e o socialismo em Portugal, Lisboa, Pub. D. Quixote, 1984; Augusto Santos SILVA, Oliveira Martins e o socialismo, Porto, Afrontamento, 1987; Id., Palavras para um país, Lisboa, Celta, 1997; Albert SILBERT, "Oliveira Martins et l'Histoire", Regards sur la génération portugaise de 1870, Paris, FCG, 1970; Abdoolkarim A. VAKIL, "Caliban na Biblioteca: Oliveira Martins, ciências sociais, cidadania e colonialismo", Estudos Portugueses e Africanos, n.º 25/26, 1995, pp.109-127; "Leituras de Oliveira Martins. História, ciências sociais e modernidade económica" (1995), Actas do Congresso Internacional Oliveira Martins: literatura, história e política (no prelo). Obras Traduzidas em Espanhol História de la Civilización Ibérica (trad. Luciano Taxonera), Madrid, 1894 (há várias outras edições, de 1926, 1946, etc.; há também duas edições pub. em Buenos Aires, com revisão e prólogo de Xavier Bóveda, 1944 e 1951 e uma sob o título de La Civilización Ibérica, México, Ed. Intercontinental, 1944); Los Hijos de D. Juan I. pincepes, guerreiros y navegadores fundadores de un imperio, Buenos Aires, Ed. Atalaya, 1946; Navegaciones y Drescobrimentos de los portugueses anteriores al viaje de Colon, Madrid, 1892 (há trad. francesa de Alexandre Boutroue, Paris, 1893). Obras Traduzidas em Inglês The History of Iberian Civilization (trad. de Aubrey Bell e pref. de S. Madariaga), Londres, Oxford University Press, 1930; The Golden Age of Prince Henry the Navigator (trad. de Os filhos de D. João I com anotações de Johnston Abraham and W. E. Reynolds, Londres, Chapman and Hall, 1914; The England of Today (trad. de C.J. Wildey), Londres, G. Allen, 1896. Iconografia Duas fotos reproduzidos em Guilherme de Oliveira MARTINS, Oliveira Martins. Uma biografia (pref. de Eduardo Lourenço), Lisboa, s.d, junto à p.208 e uma terceira reproduzido em António José Saraiva, História ilustrada das grandes literaturas. Literatura portuguesa, Lisboa, Ed. Estúdios Côr, 1966, p.240 Trechos Significativos de Algumas Obras História de Portugal. Edição crítica (introd. de Isabel de Faria e Albuquerque e pref. de Martim de Albuquerque), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, s.d. [1988]; "Advertência, vol. I, pp.VII-VIII (concepção de história: "A história é sobretudo uma lição moral (...) facto incontestável na vida das sociedades", 1.32, p. VIII); Idem, vol.II, p.262 (sobre D. João VI: "Representante quase póstumo.... filha do Barbadão") História da Civilização Ibérica, 8.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1946 (1.ª ed., 1879): livro IV, cap. 11 pp.221-222 ( o misticismo espanhol: "A força criadora da natureza produziu espontaneamente um fenómeno singular na Europa (...) Marrocos e a Espanha"; o futuro dos povos peninsulares: Livro Quinto, cap. III, pp.327-328: "Nós acreditamos firme e diremos até piamente (...) a Espanha do passado"); Portugal contemporâneo, vol. 3, Lisboa, Guimarães Ed., 1953, Livro VI, cap-IV- Conclusões, pp.302-310 (reflexão sobre Portugal e os seus problemas cerca de 1881: "O que nos interessa a nós saber(...) Ser-lhe-á dado acordar ainda a tempo?" História da República Romana, 4.ª ed., vol.II, Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1927 (1885), pp.357-359: "Finalmente! As províncias estavam submetidas (...) acabara de reduzir a pó a força antiquíssima do Senado."(sobre César).