No ano 939 Santarém ainda estava na posse dos Mouros . O alcaide chamava-se Abu Yahya e tinha um irmão que vivia em Córdova na corte do emir Abderramão III, onde ocupava um cargo importante. Por qualquer motivo caiu em desgraça e o emir mandou-o matar.

Quando a notícia chegou a Santarém, Abu Yahya ficou louco de desgosto. Durante noites a fio passeou nas muralhas do castelo, jurando vingar a morte do irmão. Mas como, se o emir era forte, poderoso, e dispunha de um exército colossal? Ele sabia que Abderramão, além do seu exército, contratara estrangeiros a quem pagava generosamente para que o servissem na guerra. Entre esses homens havia francos, galegos, lombardos e aé russos! Para os enfrentar, precisava de um aliado poderoso. Mas o único que reunia as condições necessárias era Ramiro II, rei de Leão.

Abu Yahya hesitou. Seria correcto pedir ajuda a um cristão? Pensando bem, acho que sim. Afinal o emir executara o irmão  sem dó nem piedade, apesar de ele pertencer ao mesmo povo e de acreditar no mesmo Deus.

Pouco depois enviava mensageiros ao reino de Leão com a incumbência de oferecer a Ramiro todos os castelos que dependiam de Abu Yahya, em troca de ajuda para um ataque às terras do emir. A voz do sangue falara mais alto...

Ramiro aceitou com entusiasmo a oportunidade de lutar contra os inimigos de longa data. Reuniu um bom exército e avançou com total segurança. Ia vencer. Só podia vencer!

E venceu mesmo. Embora não tenha conquistado terras, saqueou Badajoz, Mérida e os arredores de Lisboa. Depois voltou para Leão coberto de glória e com os alforges a abarrotar de riquezas.

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A Voz do Sangue

Uma história do tempo da reconquista cristã