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A génese dos domínios linguísticos românicos é o resultado de um processo longo e complexo. Em certo sentido foi preparada pela diversidade dos substratos étnicos (povos ibéricos, bloco galo-alpino, povos itálicos, substrato mediterrânico, etruscos, etc.). A essa diversidade juntaram-se depois as diferenças sociais daqueles que comunicaram o latim às populações autóctones; em algumas províncias, pertenciam a meios sociais inferiores e, noutras, já pertenciam a meios mais cultivados. Por outro lado, ao longo dos cinco séculos de história comum que os principais países românicos viveram, foram-se desenvolvendo, em cada um deles, inovações próprias. A desagregação assim esboçada precipitou-se a partir do século III, e sobretudo a partir do V, data das Grandes Invasões. A actuação dos invasores germânicos consiste, em parte, em interromper violentamente as comunicações entre as diferentes regiões da România; nesta perspectiva, funciona como um fenómeno externo, puramente territorial: separação do romance balcânico, cisão em dois do bloco galo-alpino a partir do norte. Ao cabo de três séculos de fermentação consecutivos às Grandes Invasões, os domínios linguísticos românicos já tinham adquirido, quanto ao essencial, contornos relativamente estáveis.
Walther von Wartburg
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Ana Maria MARTINS, Clíticos na História do Português. Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1994, p. 368.
Michael METZELTIN, «Le lingue romanze», Emanuele BANFI (org.), La formazione dell'Europa linguistica. Le lingue d'Europa tra la fine del I e la fine del II millennio. Florença, La Nuova Italia, 1993, pp. 41-90.
Wilhelm MEYER-LÜBKE, Romanisches Etymologisches WörterBuch. Heidelberg, Carl Winter Universitäts Verlag, 1935.
Walther von WARTBURG, La fragmentation linguistique de la Romania. Paris, Librairie C. Klincksieck, 1967, pp. 137, 140.
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