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Luciano P. de Silva (1864-1926) A partir de Março de 1913 passou a leccionar em acumulação na Escola Normal Superior, onde regeu as cadeiras de metodologia das Ciências Matemáticas e História da Pedagogia. Nomeado director desta escola em 1915, exerceu este cargo até à extinção da mesma em 1924. Apenas interrompeu as suas funções docentes em dois períodos. Entre 1901 e 1903, quando foi deputado ao Parlamento e entre 1909 e 1910, quando exerceu as funções de governador civil de Coimbra.
Actividade Científica Luciano Pereira da Silva desenvolveu trabalho de investigação nos domínios da História da Astronomia em Portugal, da Ciência Náutica e dos Descobrimentos portugueses. Um dos seus primeiros textos foi um dos mais importantes de toda a sua obra: A Astronomia dos Lusíadas. Este título foi publicado inicialmente em diversos números da Revista da Universidade de Coimbra (vols. II-IV, 1913-1915), foi editado em livro em 1915 como Separata dessa mesma revista e reeditado em 1972 em Lisboa, pela Junta de Investigações Ultramar. Neste trabalho, Luciano da Silva faz um estudo pormenorizado das referências astronómicas contidas n' Os Lusíadas de Luís de Camões, mostrando que os fenómenos astronómicos aí incluídos estão de acordo com as ideias científicas da época. Descreve ainda os instrumentos e técnicas de observações mais utilizadas neste período e identifica os textos onde Camões terá recolhido a informação científica que revela. A propósito dos conhecimentos astronómicos de Camões, Luciano da Silva afirma o seguinte, em A Astronomia dos Lusíadas: "O nosso estudo mostra que Camões tinha um conhecimento claro e seguro dos princípios fundamentais da astronomia, como ela se professava no seu tempo. Ele tinha até por esta ciência um gosto especial, pois o que sobretudo inveja aos que gozam a vida tranquila do campo é poderem dedicar-se à astronomia, (...)." (p.2) Os seus conhecimentos de Astronomia permitiam-lhe estudar com rigor a ciência náutica dos portugueses na época dos descobrimentos, cujo estudo introduziu no ensino universitário. Através dos seus estudos, contribuiu para desacreditar as teses do explorador e naturalista Alexander von Humboldt (1769-1859) e de historiadores alemães sobre o papel do alemão Martin Behaim no desenvolvimento da ciência náutica em Portugal. Luciano Pereira da Silva, tal como o seu contemporâneo Joaquim Bensaúde (1859-1952) e, mais tarde, Luís de Albuquerque (1917-1992), provaram que essas teses estavam erradas, reforçando o papel dos cosmógrafos e cartógrafos portugueses e hispanos no desenvolvimento da ciência náutica dos sécs. XV e XVI. De facto, provou-se que o Guia Náutico de Munique derivava do Almanach Perpetuum de Abraão Zacuto, não tendo por isso a importância que os estudiosos alemães dos finais do século XIX lhe concediam, ao pretenderem dessa forma retirar valor aos estudiosos e navegadores portugueses. No texto que escreveu em 1927 sobre Luciano Pereira da Silva, Joaquim Bensaúde destaca o seu papel na valorização da ciência náutica dos portugueses de quinhentos: "O esforço de Luciano Pereira da Silva, reunido à longa série dos seus brilhantíssimos estudos, inaugurou de vez o período de reivindicação histórica no mundo escolar e universitário. É essa a sua obra íntima que é urgente alargar e desenvolver. Por esta via se completará a ciência náutica desde o Regimento primitivo até à obra de D. João de Castro; (...)." (Bensaúde, 1927, p. 22) Luciano da Silva colaborou na História da Colonização Portuguesa do Brasil, editada em 1921-1924 e coordenada por Carlos Malheiro Dias (1875-1941), Ernesto de Vasconcelos (1852-1930) e Alfredo Roque Gameiro (1864-1935), onde escreveu os capítulos 1º e 4º do I volume, relativos à ciência náutica dos portugueses.
Astronomia e Ciência náutica |
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