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Um ano após a apresentação, em Paris, do invento dos irmãos Louis & Auguste Lumière, eram projectadas no Porto - a 12 de Novembro de 1896 - as fitas do comerciante e amador fotográfico Aurélio da Paz dos Reis, como Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança. Meses antes, em representação de Robert W. Paul, Edwin Rousby revelara as imagens vivas, várias captadas por Henry Short, como A Praia de Algés na Ocasião dos Banhos.

Nos primórdios, os fluxos de rodagem foram muito significativos, e cedo adversidades várias, o desinteresse ou desencanto popular, esmoreceram a aposta original. Um período obscuro, mas com experiências múltiplas, designadamente por Manuel Maria da Costa Veiga - que, a partir de 1899, impressionou em Lisboa um grande número de actualidades, para a sua empresa Portugal Film.

Em 1907, o fotógrafo João Freire Correia dirigiu O Rapto de Uma Actriz (segmento para a revista Ó da Guarda!), fundando em 1909 a Portugalia Film. Para esta, João Tavares realizou Os Crimes de Diogo Alves - nossa primeira ficção autónoma, estreada em 1911. Entretanto, Júlio Costa formou a Empresa Cinematográfica Ideal, e mandou construir um estúdio, onde foi rodada Rainha Depois de Morta (1910) de Carlos Santos.

A grande guerra suscitou um novo surto documental, designadamente nas colónias, e com frequência através de cinegrafistas estrangeiros. Em 1917, Emídio Ribeiro Pratas exibiu-se cómico, como Pratas, o Conquistador. Do ano seguinte, Malmequer e Mal de Espanha testemunham um jovem realizador, Leitão de Barros, na malograda ambição artística da Lusitania Film.

Um eficaz projecto industrial afirmou-se no Porto, com a Invicta Film, dotada de infra-estruturas próprias. Sobressai a adaptação de clássicos da literatura, com notável prestação de estrangeiros: A Rosa do Adro (1919), Os Fidalgos da Casa Mourisca (1920), Amor de Perdição (1921) ou O Primo Basílio (1922) de Georges Pallu; e Mulheres da Beira (1921) de Rino Lupo. Suspensa após 1924, terá faltado inquietação estética, à opção comercial.

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A Rosa do Adro (1919)
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Os Fidalgos da Casa
Mourisca (1920)
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Mulheres da Beira (1921)
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O Primo Basílio (1922)
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Os Faroleiros (1922)
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Nazaré (1929)
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Maria do Mar (1929)
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Ver e Amar! (1930)

A memória do cinema português tornou-se vulnerável. Só uma relação cronológica permite restabelecer essa história aventurosa - feita de filmes e projectos, artistas e artesãos, expectativas e adversidades, raramente indústria ou sucesso. Logo nos primórdios, e após um excitante ano zero, caiu-se pela base. Na segunda fase desta época, que culminou com a Invicta Film no Porto, a característica mais significativa residiu nas tentativas esporádicas de recriar a ficção. As precárias condições de feitura, lançamento, ou o insucesso comercial, esmoreceram experiências representadas, sobretudo, ao estilo cómico. O declínio da Invicta Film representou o fracasso duma organização modelar, ao nível europeu. Ao contributo técnico por estrangeiros correspondia a participação artística dos nacionais. A transposição de romanescos populares visava a estreia entre nós mas, também, o vasto mercado brasileiro. A inépcia da difusão deteriorou o negócio, de nada valendo a viragem, já neste período, para a exploração de ficções originais, com impacto, ou o recurso a uma vedeta de fora. Até final da década reinou a convulsão - quase um filme por empresa constituída...

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Com capitais nortenhos, mas instalada em Lisboa, surgira entretanto a Caldevilla Film, na qual Maurice Mariaud dirigiu - em 1922 - As Pupilas do Senhor Reitor, e Os Faroleiros com requintes d’arte. Em 1923 registam-se Lucros Ilícitos e Cláudia de Pallu, para a Invicta; Os Olhos da Alma de Roger Lion, para Fortuna Films; e o drama rústico - outro expoente do mudo - Os Lobos de Lupo, para Iberia Film.

Além do incremento documental, entra-se num período sem movimentações de vulto. Na Madeira, Manuel Luís Vieira fundou a Empresa Cinegráfica Atlântida, ali dirigindo A Calúnia e O Fauno das Montanhas (1926). De 1927, são O Táxi Nº 9297 de Reinaldo Ferreira, para a sua empresa Reporter X Film; e A Mão Enluvada de António Lourenço, Aurélio Rodrigues & Eulóquio Silva, para Studio Film.

Em 1928, Lupo regressou com Fátima Milagrosa, por uma linha populista que, no ano seguinte, repetiu em José do Telhado, sucesso para a sua Lupo Film. Afinal, o impasse só foi ultrapassado por uma nóvel geração de cineastas portugueses, revelando distintos recursos críticos e aspirações criativas.

Em 1929, Jorge Brum do Canto estilizou uma vanguarda, com A Dança dos Paroxismos. Após Nazaré, Praia de Pescadores (1929, produção de Artur Costa de Macedo), Barros dirigiu Lisboa, Crónica Anedótica e Maria do Mar, ambos de 1930. Chianca de Garcia assinou Ver e Amar!; António Leitão, A Castelã das Berlengas; Aníbal Contreiras, A Vida do Soldado; João de Almeida e Sá, Alfama, Velha Lisboa.

Contemporâneos da introdução do sonoro, apontam-se Nua por Mariaud, Tragédia Rústica por Alves da Cunha, A Portuguesa de Nápoles por Henrique Costa, todos de 1931; e Campinos (1932), de António Luís Lopes. Em 1927, a controversa lei dos cem metros - impondo “em todos os espectáculos cinematográficos, a exibição duma película de indústria portuguesa” com aquele mínimo - provocou uma explosão documental.

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