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Com A Severa por Leitão de Barros, temos o nosso primeiro fonofilme, executado em França. Nesse 1931, Manoel de Oliveira apresentou - no Congresso Internacional da Crítica, em Lisboa - Douro, Faina Fluvial, depois sonorizado. No ano seguinte, nascia a Tobis Portuguesa, que produziu A Canção de Lisboa (1933) de Cottinelli Telmo - inteiramente feito em Portugal, e matriz para populares comédias.
Em 1934, António Lopes Ribeiro assinou Gado Bravo, com supervisão de Max Nosseck. No ano seguinte, o cinema passou a depender do Secretariado da Propaganda Nacional, e Barros dirigiu, para a Tobis, As Pupilas do Senhor Reitor; além de Bocage (1936) e, para Lumiar Filmes, Maria Papoila (1937). Chianca realizou O Trevo de Quatro Folhas (1936), A Rosa do Adro e Aldeia da Roupa Branca (1938), indo para o Brasil.
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A Severa (1931)
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A Canção de
Lisboa (1933)
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Maria Papoila (1937)
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Aldeia da Roupa
Branca (1938)
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Aniki-Bobó (1942)
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Inês de Castro (1945)
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José do Telhado (1945)
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Fado, História d'uma
Cantadeira (1947)
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Frei Luís de
Sousa (1950)
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Vidas Sem Rumo (1956)
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O Sangue Toureiro (1958)
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Tendo-se iniciado no crepúsculo do mudo, um leque de cineastas portugueses veio dar expressão geracional ao futuro do sonoro. Sobre a importância deste, basta referir as versões de filmes da Paramount em nossa língua, com actores nacionais, executadas em estúdios franceses, ainda na expectativa do mercado além-Atlântico. O cinema dependeu, desde 1935, do Secretariado da Propaganda Nacional/SPN. Houve protecção oficial para as co-produções de cariz promocional, ideológico-político, de exaltação histórica ou de apologia patriótica, por intervenção de António Lopes Ribeiro. Entretanto, a época áurea da comédia contou com o talento e a experiência dos grandes autores teatrais, da revista, usando e expandindo a popularidade dos maiores artistas em palco (Vasco Santana, Beatriz Costa, António Silva, Maria Matos) - a que a marca de Arthur Duarte forneceu o estilo dum estrelato à americana, logo a partir do culto radiofónico (Milú, Óscar de Lemos, Maria Eugénia, Fernando Curado Ribeiro). Cada vez mais, o fenómeno cinematográfico adquiriu expressão cultural, económica e sociopolítica. Em 1944, o Secretariado Nacional da Informação/SNI instituiu os Prémios oficiais. Em 1947, nasceu a União de Grémios dos Espectáculos, de carácter corporativo...
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Ribeiro expôs um díptico político-colonial, com A Revolução de Maio (1937) e Feitiço do Império (1940). Em 1938, afirmaram-se Arthur Duarte com Os Fidalgos da Casa Mourisca e Brum do Canto pel’A Canção da Terra, voltando este com João Ratão (1940). Barros regressou na Varanda dos Rouxinóis (1939), Armando de Miranda lançou-se com Pão Nosso... (1940), em culminação rústica.
A nova década celebrou a comédia de costumes ou musical: O Pai Tirano (1941) de Ribeiro, que produziu O Pátio das Cantigas (1942) do irmão Francisco Ribeiro/Ribeirinho; O Costa do Castelo (1943), A Menina da Rádio (1944) e O Leão da Estrela (1947) de Duarte. Consagraram-se as vedetas histriónicas (António Silva, Vasco Santana, Maria Matos, Ribeirinho) e românticas (Milú, Fernando Curado Ribeiro)...
O olhar excepcional de Oliveira fixou-se em Aniki-Bobó (1942). Canto reincidiu com Lobos da Serra (1942), Fátima, Terra de Fé! (1943) ou, estilizando o figurino urbano, Um Homem às Direitas (1944), Ladrão, Precisa-se!... (1946). Barros passou do testemunho litoral em Ala-Arriba! (1946) à exaltação épic-histórica com Inês de Castro (1945) e Camões (1946). Ribeiro optou pela adaptação literária - Amor de Perdição (1943) e A Vizinha do Lado (1945).
Com êxito comercial, sobressaiu a saga popular de José do Telhado (1945), por Armando de Miranda - que, em Capas Negras, uniu os talentos de Alberto Ribeiro e Amália Rodrigues; esta mitificada, ainda em 1947, por Perdigão Queiroga no melodrama Fado, História d’uma Cantadeira. Henrique Campos iniciara-se também, com Um Homem do Ribatejo. Mas, apesar da legislação protectora, publicada em 1948, o cinema português entrou em declínio.
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O ano de 1948 foi decisivo para a nossa precária indústria artística, graças à publicação da Lei Nº 2027 - de protecção ao cinema nacional. Com o final da década, deixaram de trabalhar regularmente os realizadores consagrados a partir da transição para o sonoro, e que haviam constituído uma primeira geração efectiva e determinante. Ascenderam à direcção os seus antigos assistentes, mais como sobrevivência profissional do que por vocação artística. A cinematografia portuguesa entrou em acentuado declínio, grassando a mediocridade e uma saturante insistência em fórmulas que tinham feito sucesso. Em 1952, surgiu a Comissão de Classificação de Espectáculos, estabelecendo-se vários escalões etários. Em 1955, foi criada a Radiotelevisão Portuguesa/RTP, e decorreu em Coimbra o I Encontro Nacional de Cine-Clubes. Um ano depois, separaram-se a Tobis Portuguesa (estúdios e laboratórios) e a Lisboa Filme (distribuição), enquanto Eduardo Brazão - responsável pelo Secretariado Nacional da Informação/SNI - realçou a importância do formato reduzido (16 mm). Em 1958, a Cinemateca Nacional iniciou actividade pública. Em 1961, realizou-se o I Curso de Cinema do Estúdio Universitário de Cinema Experimental - sendo coordenador António da Cunha Telles - o qual lançaria uma nova geração de realizadores...
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Ribeiro retomou o filão literário em Frei Luís de Sousa (1950), rematando com O Primo Basílio (1959). Canto apenas dirigiu Chaimite (1953), sobre a gesta colonial. Entre O Grande Elias (1950) e O Noivo das Caldas (1956), Duarte fracassou no drama com A Garça e a Serpente (1952) e optou pela coprodução luso-espanhola Parabéns, Senhor Vicente! (1954). Queiroga sobressaiu com Sonhar É Fácil ou Madragoa (1951), testemunhos da pequena burguesia bairrista.
Dos seis filmes de Campos, retêm-se Rosa de Alfama (1953) e Quando o Mar Galgou a Terra (1954), até final da década. É um espectáculo de subsistência, cujas margens subverteu Manuel Guimarães, sob influência neo-realista: Saltimbancos (1951), Nazaré (1952) ou um onírico Vidas Sem Rumo (1956). Oliveira assinou apenas O Pão (1959), após um curto documento O Pintor e a Cidade (1956).
Outros filmes: O Comissário de Polícia (1952) de Constantino Esteves, segundo Gervásio Lobato; O Cerro dos Enforcados (1954) de Fernando Garcia, sobre romanesco de Eça; O Costa d’África (1954) de João Mendes, onde ressurgiu Vasco Santana. Artur Semedo iniciou-se com O Dinheiro dos Pobres (1956). Augusto Fraga introduziu a cor, pel’O Sangue Toureiro (1958).
Em 1960, a situação manteve-se incaracterística - d’As Pupilas do Senhor Reitor por Queiroga, e Encontro Com a Vida de Duarte; ao exaltante Raça de Fraga, ou O Cantor e a Bailarina de Miranda, visando o Brasil. Sinais de mudança chagaram com a estreia, em 1962, do Dom Roberto de Ernesto de Sousa - pela evasão afectiva como testemunho bloqueado sobre uma realidade em crise.
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© Instituto Camões, 2003-2007
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