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Reciclando um imaginário de erosão e esperança, outras histórias ou testemunhos, perspectivas ou incidências confluem, afinal, num cinema português já centenário, e superado o milénio - aliando o cunho artístico aos fenómenos sociais, políticos e culturais. De futuro, uma outra identidade nossa, genuína, será determinada pela virtualidade de distintos suportes e tecnologias.
Em 2000, Jorge Silva Melo levou António, Um Rapaz de Lisboa do palco para a tela, onde César Monteiro enegreceu Branca de Neve. Luís Filipe Rocha extrapolou Camarate, voltando Maria de Medeiros aos Capitães de Abril. João Pedro Rodrigues exacerbou O Fantasma, revelação tal como José Pedro de Sousa saturando Kuzz, ou Cláudia Tomaz iluminando Noites. No Quarto da Vanda, Pedro Costa voltou ao imaginário marginal de Ossos (1997).
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António, Um Rapaz de
Lisboa (2000)
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Capitães de Abril (2000)
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A Selva (2002)
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O cinema português vive, actualmente, um dos seus momentos de maior virtualidade e expectativa - com as transformações que motivaram um mais amplo horizonte audiovisual, e enquanto se redimensionam os parâmetros de uma comparticipação a nível europeu. Ampliam-se os circuitos de difusão, aumentam as oportunidades profissionais, recrudesce uma dinâmica artística - mas pairam, também, os riscos de que uma identidade criativa se disperse ou desfigure. O ano de 2001 pode considerar-se muito positivo, logo quanto ao balanço da produção. Num cômputo global, incluindo a rodagem em vídeo a partir de curtas metragens, tiveram divulgação pública mais de três centenas de obras. Só em suporte de película, foi concretizada uma vintena de longas metragens, entre ficções e documentários. Neste âmbito, tudo continua a pairar entre as expectativas comerciais e a mera difusão cultural. Por outro lado, persistem o cunho estilístico e a marca de autor, numa cinematografia que visa, cada vez mais, uma estratégia de viabilização industrial, com referências internacionais.
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Oliveira propôs o Padre António Vieira em Palavra e Utopia, José Álvaro Morais seguiu uma geração errática com Peixe Lua. Rui Goulart esteve Sem Destino. Lisboa - Los Angeles
, e Paulo Rocha buscou, em Lisboa fora de horas, A Raiz do Coração. De um caso real, José Nascimento testemunhou Tarde Demais, sobre um naufrágio no Rio Tejo. Fernando Rocha enleou cumplicidades perigosas, em Trânsito Local.
Outras primeira-obras, em 2001, Akasha de João Menezes sondou o limiar do terceiro milénio, Paulo Castro encenou Cães Raivosos, Artur Ribeiro esteve em Duplo Exílio, Inês de Medeiros talhou O Fato Completo ou À Procura de Alberto. Villaverde partilhou-se em Água e Sal, Rita Azevedo Gomes viu-se Frágil Como o Mundo. Leonel Vieira pôs sátira n’A Bomba. Lopes transpôs O Delfim, segundo José Cardoso Pires.
Ainda em 2001, João Canijo tratou a emigração em França, para Ganhar a Vida. Fernando Vendrell reviu a Guerra Colonial e Moçambique, em O Gotejar da Luz/Paixão em África. Edgar Pêra focou António Pedro como O Homem-Teatro, e a Lisboa da Bica em A Janela - Maryalva Mix. Raquel Freire exorcizou a Coimbra da praxe, lançando-se em Rasganço.
Pedro Corta abordou o cineasta Jean-Marie Straub em Oú Gît Votre Sourire Enfui?, entre Itália e França. De Paris, Oliveira assumiu Vou Para Casa/Je Rentre à la Maison, até ao Porto da Minha Infância. Solene, João Botelho recriou Quem És Tu?, ante Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett. Jorge António coreografou
Outras (Frases), em Luanda. Fernando Matos Silva documentou A Luz Submersa, sobre a Barragem do Alqueva.
Já em 2002, Manuel Mozos concluiu a deambulação de Xavier (desde 1991). Em Volta assinalou Ivo M. Ferreira numa longa metragem. Solveig Nordlund rodou Aparelho Voador a Baixa Altitude, e Leonor Areal revelou Ilusíada - A Minha Vida Dava Um Filme. Agustina Bessa-Luís inspirou Oliveira em O Princípio da Incerteza, sendo o patriarca entre os cineastas envolvidos por Regina Guimarães/Corbe e Saguenail, em O Nosso Caso.
João Mário Grilo desvendou com rigor A Falha, segundo Luís Carmelo. No Brasil, Leonel Vieira transpôs A Selva épica de Ferreira de Castro. Esquece Tudo o Que Te Disse, propôs António Ferreira. Em Moçambique, Margarida Cardoso lembrou Kuxa Kanema - O Nascimento do Cinema. E tudo se reinicia ou evolui - em expectativas, projectos, cenários, filmagens, desafios, produções em marcha...
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