Para
ler o resumo completo da crónica de Maria Judite de Carvalho preencha
os espaços com os seguintes adjectivos:
pensativo,
natural, cruel, violento, perplexa, paciente,
curioso, simples, agressiva, incomodada.
Repare
nas duas «expressões idiomáticas» para mostrar como os pais não
conseguiram responder à pergunta difícil da filha.
A mãe largou o tricô e «engoliu em seco».
O pai «respirou fundo»
Na língua portuguesa existem expressões idiomáticas para diferentes
situações. Preencha
os espaços abaixo com a expressão idiomática adequada a cada uma das
frases.
chão que deu
uvas;
com uma perna às costas; nem por sombras;
trazer água no bico; a fazer
horas; está sempre a remar contra a maré;
deitou água na
fervura; passar pelas
brasas
A
partir dos seguintes descrições do jornal «Público», seleccione os
programas televisivos que são classificados como Infantil/Juvenil:
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A
criança estava perplexa. Tinha os olhos maiores e mais brilhantes do
que nos outros dias, e um risquinho novo, vertical, entre as
sobrancelhas breves. «Não percebo», disse.
Em frente da televisão, os pais. Olhar para o pequeno écran era a
maneira de olharem um para o outro. Mas nessa noite, nem isso. Ela
fazia tricô, ele tinha o jornal aberto. Mas tricô e jornal eram
alibis. Nessa noite recusavam mesmo o écran onde os seus olhares se
confundiam. A menina, porém, ainda não tinha idade para fingimentos
tão adultos e subtis, e, sentada no chão, olhava de frente, com toda
a sua alma. E então o olhar grande a rugazinha e aquilo de não
perceber. «Não percebo», repetiu.
«O que é que não percebes?» disse a mãe por dizer, no fim da
carreira, aproveitando a deixa para rasgar o silêncio ruidoso em que
alguém espancava alguém com requintes de malvadez.
«Isto, por exemplo.»
«Isto o quê»
«Sei lá. A vida», disse a criança com seriedade.
O pai dobrou o jornal, quis saber qual era o problema que preocupava
tanto a filha de oito anos, tão subitamente.
Como de costume preparava-se para lhe explicar todos os problemas, os
de aritmética e os outros.
«Tudo o que nos dizem para não fazermos é mentira.»
«Não percebo.»
«Ora, tanta coisa. Tudo. Tenho pensado muito e...Dizem-nos para não
matar, para não bater. Até não beber álcool, porque faz mal. E
depois a televisão...Nos filmes, nos anúncios...Como é a vida,
afinal?
»
A mão largou o tricô e engoliu em seco. O pai respirou fundo como
quem se prepara para uma corrida difícil.
«Ora vejamos,» disse ele olhando para o tecto em busca de inspiração.
«A vida...»
Mas não era tão fácil como isso falar do desrespeito, do desamor,
do absurdo que ele aceitara como normal e que a filha, aos oito anos,
recusava.
«A vida...», repetiu.
As agulhas do tricô tinham recomeçado a esvoaçar como pássaros de
asas cortadas.
Maria
Judite de Carvalho in «O Jornal», 2-10-81
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