Manuela Porto

(Lisboa, 24-04-1908 – Lisboa, 07-07-1950)

Manuela Cesarina Sena Porto, filha do escritor e pedagogo César Porto, iniciou-se na arte dramática na Escola-Teatro de Araújo Pereira, estreando-se como amadora no Teatro Juvénia, em 1924, no espetáculo As irmãs, de Gaston Dévore.

  Manuela Porto
  Manuela Porto, s.d. [espólio de Mário Dionísio]

Desejando ser atriz, frequentou o Conservatório Nacional, que terminou em 1931 com vinte valores e um prémio. Ainda nos anos trinta, depois de passar por companhias como a Rey Colaço-Robles Monteiro, a de Gil Ferreira e a Grande Companhia Dramática Portuguesa, desiludiu-se com o meio teatral e afastou-se dos palcos, só abrindo uma exceção para entrar em 1941 no Sonho de uma noite de Verão, representado ao ar livre, no Parque de Palhavã, pela companhia de Amélia Rey Colaço.

Principalmente lembrada como diseuse, Manuela Porto declamou, em 1938, a Ode Marítima de Álvaro de Campos, destacando-se no seu repertório posterior composições de poetas dos séculos XVIII e XIX, e sobretudo a revelação dos autores da Presença e do chamado Novo Cancioneiro.

A partir de 1946, a par de uma intensa atividade política de oposição ao regime salazarista e de luta pelos direitos das mulheres, publicou ensaios sobre a situação do teatro em Portugal, entrevistas a atores (Joaquim de Oliveira e Lucília Simões) e críticas de espetáculos nas revistas Mundo Literário e Vértice. Tradutora de escritores anglo-saxónicos (Louisa May Alcott e Virginia Woolf, entre outros), e da História de Teatro de Robert Pignarre (1950), foi autora de contos e crónicas. Publicou em 1948 a novela Uma ingénua: a história de Beatriz, cuja personagem central é uma atriz, transmitindo pela sua vida atribulada e infeliz uma imagem muito crítica do teatro em Portugal.

A partir de 1948 dirigiu o Corpo Cénico do Grupo Dramático Lisbonense, um grupo amador com elementos provenientes do coro regido por Fernando Lopes-Graça. Este agrupamento levou à cena Tchekov, Camilo Castelo Branco, Gil Vicente e Pirandello em teatros, academias e associações culturais e recreativas. Esta experiência foi interrompida em 1950 com o seu suicídio.

O Teatro da Cornucópia, no edifício que ocupa na Rua Tenente Raúl Cascais, em Lisboa (Teatro do Bairro Alto), dá o seu nome a uma das salas.

 

Bibliografia

MARQUES, Diana Dionísio Monteiro (2007). Um teatro com sentido: A voz crítica de Manuela Porto. Dissertação de Mestrado em Estudos de Teatro, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (texto policopiado).

___ (2010). “Sabe quem foi Manuela Porto?” in Sinais de Cena, Nº 13, junho 2010, APCT / CET, pp. 123-129.

 

Consultar a ficha de pessoa na CETbase:

http://ww3.fl.ul.pt/CETbase/reports/client/Report.htm?ObjType=Pessoa&ObjId=13600

Consultar imagens no OPSIS:

http://opsis.fl.ul.pt/

 

Diana Dionísio/Centro de Estudos de Teatro