O Cosme De Riba-Douro in
«Gente da Terceira Classe» |
E gosta disto por cá?
(A história de um barqueiro do Douro que não sabia ler nem escrever e que emigrou para a América. Descobriu o que era ser português no estrangeiro....)
|
«Tinha de facto um problema, e sério. Sem deixar de estremecer a terra onde nascera, metera-se-lhe em cabeça naturalizar-se americano. Ou porque lho houvessem aconselhado, ou porque lhe desagradasse a condição precária de simples residente sem direitos políticos, não sei. Desejava talvez sentir-se «igual», parte de alguma coisa de maior do que ele próprio.» p. 88 |
Arroz do Céu in «Gente da Terceira Classe» |
O homem matutou: donde é que viria tanto arroz?
(A história de um limpa-vias lituano que trabalhava nas passagens subterrâneas do metro de Nova-Iorque. Descobriu que a família podia passar menos fome com o arroz que ele apanhava todos os dias...)
|
«Intrigado, ergueu os olhos pela primeira vez para o Alto, e avistou a vaga luz de masmorra que escorria da parede. Mas o respiradouro, se bem me compreendem, obliquava como uma chaminé, e a grade, ela própria, ficava-lhe invisível do interior. Era dali, com certeza, que caía o arroz, como as moedas, a poeira, a água da chuva e o resto.» p. 70 |