Espaços

Teatro Variedades

(Parque Mayer – 1250 Lisboa, Portugal) (Parque Mayer – 1250 Lisboa, Portugal)

Idealizado em 1922 para ser a segunda casa de espetáculos do Parque Mayer, em Lisboa, o Teatro Variedades começou a ser construído em 1924 com o traço de Urbano de Castro.

  Teatro Variedades
  Teatro Variedades (fachada), 1961, fot. C. Madeira [cortesia do Museu Nacional do Teatro, cota: 57625].

Foi inaugurado em 1926 com o espetáculo de revista Pó de arroz, assinado pelos “Troianos”, pseudónimo de uma parceria composta por Ernesto Rodrigues e Luís Galhardo, entre outros. Situado onde antes existira o lago dos jardins do palacete Mayer, apresentou espetáculos de revista e de teatro declamado, tendo sofrido também um incêndio, em 1966, à semelhança de outros edifícios do Parque. Com esporádicas apresentações ao longo dos anos noventa do séc. XX, abriu as suas portas pela última vez nessa mesma década. 

O Teatro Variedades, construído no Parque Mayer – com projeto de Urbano de Castro –, foi o segundo a ser edificado neste recinto, tendo sido inaugurado a 8 de julho de 1926, quando o primeiro teatro do Parque – Maria Vitória – apresentava a sua sexta revista. Foi com o espetáculo Pó de arroz, encenado por [Artur] Rosa Mateus, que esta casa abriu as portas ao público, apresentando no cartaz Vasco Santana como primeira atração e Augusto Costa (Costinha) como compère. Desde a sua inauguração, o Teatro Variedades foi regular na produção de espetáculos, apresentando uma média de cinco por ano até à década de sessenta, altura em que se registou uma visível quebra produtiva.

Neste teatro, no ano de 1931, celebrizaram-se êxitos da canção popular como o “Burrié”, da revista O mexilhão, interpretado por Beatriz Costa e “O cochicho”, da revista Pim! Pam! Pum!, protagonizado inicialmente por Maria das Neves, mas popularizado por Beatriz Costa. Nos anos sessenta Giuseppe Bastos e Vasco Morgado asseguraram em conjunto a exploração do Teatro Variedades, tendo então promovido uma série de renovações no seu interior.

Aqui se apresentaram artistas cómicos como Vasco Santana e Raul Solnado e atores e atrizes do teatro declamado como foi o caso de Eunice Muñoz, no espetáculo Lições de matrimónio (1965) de Leslie Stevens. Na mesma década e na revista Zero, zero, zero, ordem para matar (1966), José Viana interpretou o “Fado do cacilheiro”, tema que se tornou conhecido do grande público. Nesse mesmo ano o Variedades sofreu um incêndio quando estava em cena o espetáculo Descalços no Parque, com Irene Isidro no elenco.

Foi com a revista Ó pá, pega na vassoura, de 1974 – a primeira depois da revolução de Abril de 1974 – que o autor José Viana apresentou um texto de forte componente política, em que defendia a união das forças de esquerda e fazia um louvor aos intervenientes do 25 de Abril (PORTO/MENEZES 1985: 34).

Na década de noventa, os empresários Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior investiram na renovação do interior deste teatro e foi a partir deste espaço que, em 1992, o encenador Filipe La Féria gravou para a RTP1 o programa semanal Grande noite – uma série de 26 episódios, com um leque de artistas convidados que se tinham distinguido nalguns dos espetáculos do Parque Mayer, para além de um elenco fixo que contava com a presença de atores mais jovens. A necessária recuperação deste teatro, várias vezes prometida, ainda não se concretizou.

 

Bibliografia

FRANCISCO, Rui / RAMOS, José (1992). “Mayer, o Parque Triste”, in AA.VV, Arqueologia e recuperação dos espaços teatrais: compilação das comunicações apresentadas no colóquio. Lisboa: ACARTE/ Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 277- 288.

NEGRÃO, Albano Zink (1965). O Parque Mayer: cinquenta anos de vida. Lisboa: Editorial Notícias.

PORTO, Carlos / MENEZES, Salvato Teles (1985). 10 anos de teatro e cinema em Portugal : 1974-1984. Lisboa: col. Nosso Mundo, ed. Caminho.

REBELLO, Luiz Francisco (1984). História do Teatro de Revista em Portugal. Vol.I. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

___ (1985). História do Teatro de Revista em Portugal. Vol.II. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

SANTOS, Vítor Pavão (1978). A revista à portuguesa: uma história breve do teatro de revista. Lisboa: O jornal.

TRIGO, Jorge e REIS, Luciano (2004). Parque Mayer, (1922/1952), vol.I. Lisboa: Sete Caminhos.

___ (2005). Parque Mayer, (1953/1973), vol II. Lisboa: Sete Caminhos.

___ (2006). Parque Mayer, (1974/1994), vol III. Lisboa: Sete Caminhos.

 

Consultar a ficha de espaço na CETbase:

http://ww3.fl.ul.pt/CETbase/reports/client/Report.htm?ObjType=Espaco&ObjId=66 

Consultar imagens no OPSIS:

http://opsis.fl.ul.pt/

 

Andreia Brito Silva/Centro de Estudos de Teatro