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Correia Garção

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(Lisboa, 29-04-1724 – Lisboa, 10-11-1772)

Pedro António Correia Garção nasceu em 1724 e morreu em 1772 em Lisboa na prisão do Limoeiro. Foi educado no seio de uma família constituída por um pai alto funcionário dos Negócios Estrangeiros e uma mãe francesa, tendo feito estudos no colégio dos Jesuítas em Lisboa, seguindo depois Direito em Coimbra.

   Capa de Obras Poéticas, 1.ª edição (póstuma) [Biblioteca Nacional de Portugal]
  Capa de Obras Poéticas, 1.ª edição (póstuma) [Biblioteca Nacional de Portugal]

O seu casamento com senhora de grande fortuna permitiu-lhe uma vida tranquila, dedicando-se, a par da sua profissão de escrivão na Casa da Índia, à escrita de uma poesia que denota a sua sólida formação clássica, mas onde irrompem acentos de uma mundividência burguesa.

Com os seus companheiros de estudos fundou, em 1756, a Arcádia Lusitana onde teve um papel de relevo na defesa do modelo de composição clássica inspirada, no caso da tragédia sobre a qual produziu famosa Dissertação [consultar link abaixo], pelo classicismo francês e seus tragediógrafos. A ação da Arcádia esteve intimamente ligada ao empenho de Garção que durante cerca de oito anos procurou manter aceso o espírito de inovação e modernidade com que fora criada. Entre 1760 e 1762 Garção foi redator da Gazeta de Lisboa, importante registo da vida da corte e da sociedade de setecentos.

Escreveu a comédia Assembleia ou partida e assistiu ao fracasso da sua comédia Teatro novo que subiu à cena do Teatro do Bairro Alto em 1766. A escrita destas comédias fez, sobretudo, parte da campanha árcade visando a criação de um teatro nacional fundado em modelo clássico, que muito inspirará Garrett várias décadas depois. A segunda merece não ser esquecida pelo facto de conter informação relevante acerca do teatro coevo contra o qual a pena de Garção obviamente se insurgia.

Mas a sua sorte começou a mudar, primeiro com a ruína após um caso judicial em que perderia os bens da esposa, e em 1771, quando foi encarcerado no Limoeiro por ordem do Marquês de Pombal, permanecendo desconhecida a razão que terá ocasionado tão severa sentença. O Marquês de Pombal fora protetor da Arcádia Lusitana e, para além de algumas ligações a nobres na mira de Pombal, Correia Garção foi, sobretudo, um poeta algo distante do poder e dos seus favores, mesmo na situação de miséria em que viveu os seus últimos anos. A ordem de soltura chegou em 1772, mas tarde demais. As obras completas de Correia Garção foram publicadas postumamente pelo seu irmão, em 1778, e de novo em 1888, num belíssimo volume editado em Roma.

 

Bibliografia


BRAGA, Teófilo (1899). História da Literatura Portuguesa. A Arcádia Lusitana. Porto: Livraria Chardron.

PICCHIO, Luciana S. (1958). “ P.A.J.Correia Garção: Il teórico de teatro” in: Filologia Romanza, pp. 365-387.

REBELO, Luís de Sousa. (1959). “Garção, Pedro Correia” in: Dicionário da Literatura, dir. Jacinto do Prado Coelho, Barcelos: Cia Editora do Minho, pp. 362-363.

SILVA, Inocêncio Francisco da (1862). Diccionario Bibliographico Portuguez, tomo VI. Lisboa: Imprensa Nacional, pp. 386-393.

 

Link para as Dissertações sobre o carácter da tragédia:

Primeira: http://www.fl.ul.pt/images/stories/Documentos/Centros/Teatro/dissertacao%20primeira%20sobre%20o%20caracter%20da%20tragedia.pdf

Segunda: http://www.fl.ul.pt/images/stories/Documentos/Centros/Teatro/dissertacao%20segunda%20sobre%20o%20caracter%20da%20tragedia.pdf


Link
para o texto Teatro novo (1766):

http://www.fl.ul.pt/images/stories/Documentos/Centros/Teatro/teatronovo.pdf


Link 
para o texto Assembleia ou partida (1770):

http://www.fl.ul.pt/images/stories/Documentos/Centros/Teatro/assembleiapartida.pdf

 


Consultar a ficha de pessoa na CETbase:

http://ww3.fl.ul.pt/CETbase/reports/client/Report.htm?ObjType=Pessoa&ObjId=13780

 

Maria João Brilhante/Centro de Estudos de Teatro