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Dalla Bella (1730-c.1823) Voltou para Pádua na década de 90, onde veio a falecer por volta de 1823. Actividade Científica Chegado a Portugal em 1766, Dalla Bella começou por decidir que instrumentos deviam ser adquiridos para o funcionamento das aulas de Física Experimental no Colégio dos Nobres. Foi encomendado diverso material didáctico para o laboratório de Física, parte dele adquirido em Inglaterra, outra parte construída em Portugal. Para a aquisição dos equipamentos em Inglaterra foi encarregado João Jacinto Magalhães que tratou da selecção e preparativos do envio dos instrumentos para Portugal. Em Portugal o fabrico dos instrumentos foi entregue ao artífice Joaquim José dos Reis. Segundo o próprio Dalla Bella, o Gabinete de Física Experimental do Colégio dos Nobres era “il più copioso, ed il più magnifico Gabinetto dell’Europa, (...).” Segundo afirma Rómulo de Carvalho, “se o Gabinete de Física não era o melhor da Europa, era completíssimo na quantidade de instrumentos que possuía e riquíssimo na sua qualidade.” (Carvalho, 1959, p. 139) O Gabinete tinha 562 peças quando foi transferido para a Universidade de Coimbra. Terminado o ensino científico no Colégio dos Nobres, foi decidido enviar os equipamentos que entretanto tinham sido fabricados e adquiridos para o recém criado Gabinete de Física da Universidade de Coimbra. Dalla Bella foi encarregado dos procedimentos de acondicionamento e envio dos instrumentos científicos de Lisboa para Coimbra. Chegado a Coimbra, Dalla Bella tratou de instalar o Gabinete, enquanto aguardava a sua nomeação de lente, o que aconteceu a 2 de Março de 1773, tendo começado a leccionar em Maio. A parte experimental das aulas de Física foi iniciada a 22 de Maio, acto que foi destacado pelo reitor da Universidade, Francisco de Lemos, na sua comunicação ao Marquês de Pombal: “Dou parte a V. Exa. que sábado 22 do corrente se abriu pela primeira vez o Teatro das Experiências, que interinamente se fez na Sala do Colégio Real das Artes, concorrendo a este insólito, e novo espectáculo uma grande multidão de Pessoas Académicas, e da Cidade. O Professor João António Dolabela principiou por uma elegante Dissertação sobre a necessidade e utilidade da Divisibilidade da Matéria, que tinha sido o assunto das Lições da semana; o que tudo executou com grande gosto, e aplauso do Auditório. Sábado, se hão-de continuar as experiências, que serão as de Impenetrabilidade, e Figurabilidade. Esta abertura produziu um fogo, e ardor na Mocidade, que eu não sei dignamente representar a V. Exa.” (cit. in Carvalho, 1978, pp. 37-38)
Encarregado de elaborar o compêndio de Física Experimental, veio a concretizá-lo entre 1789 e 1790, em três volumes com o título de Physices Elementa. Em Coimbra, em 1781, Dalla Bella realizou várias experiências sobre a lei das interacções magnéticas, cujos resultados foram comunicados à Academia das Ciências de Lisboa. Estas leis foram apresentados por Dalla Bella como originais, o que antecederia a lei de Coulomb, de 1785, a quem é tradicionalmente atribuído o mérito da descoberta. Mário Silva defendeu em 1939 a prioridade do físico italiano, tese em que concordava com os físicos italianos Mario Gliozzi e Giovanni Costanzo, que adoptaram essa ideia em 1937 e 1938, respectivamente. No entanto, em 1954, Rómulo de Carvalho refutou essa tese e procurou demonstrar que as experiências de Dalla Bella levantam diversos problemas de validação. Para além disso, concluiu que a lei das acções magnéticas já tinha sido enunciada em 1751 pelo britânico John Mitchel, que a teoria apresentada tinha sido esboçada pelo alemão Johann Lambert, em 1766, e que Dalla Bella tinha conhecimentos destes factos. Uma das questões que os defensores da prioridade de Dalla Bella levantam e que explicaria a perda de protagonismo de Dalla Bella é o atraso com que a Academia das Ciências de Lisboa publicou as memórias de Dalla Bella, apenas 16 anos depois das experiências realizadas. Além da sua actividade de professor, o nome de Dalla Bella surge também associado ao aperfeiçoamento e invenção de instrumentos de Física. Dalla Bella colaborou com Vandelli no primeiro projecto do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, e foi um dos membros fundadores da Academia Real das Ciências de Lisboa. Apesar da sua área de trabalho ser a Física, desenvolveu diversos estudos sobre a agricultura, tendo estudado a cultura da oliveira e a produção de azeite, em memórias que foram publicadas pela Academia das Ciências de Lisboa. Publicações Physices Elementa, (3 vols., Coimbra, 1789-1790). Fernando Reis CARVALHO, Rómulo, “A pretensa descoberta da Lei das Acções Magnéticas por Dalla Bella, em 1781, na Universidade de Coimbra, Revista Filosófica, Ano IV, nº 11, 1954. Apontadores Elementos de Física, de Dalla Bella |
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