CONTOS TRADICIONAIS |
Este
conto fala-nos de um senhor que quase provocou a morte do seu irmão mais
novo por se ter apaixonado por uma mulher desconhecida. Ė preciso
sabermos que quando casamos nem todo o tipo de mulher serve. Era
uma vez um senhor caçador e um irmão pequeno que viviam numa pequena
povoação. Quando ia para a caça, o caçador deixava o irmão em casa.
Certa altura, o caçador resolveu casar, porque estava cansado de viver
solteiro. Mas ele não quis casar com nenhuma mulher da povoação em que
vivia. Numa manhã de cacimbo, no Inverno, enquanto caçava, encontrou uma
mulher muito bonita a tremer por causa do frio que assolava aquela
floresta. Sem mais olhar para trás, apaixonou-se pela menina. E a menina,
também sem mais hesitar, aceita o pedido de casamento, e caminharam para
casa para viverem maritalmente. Passados
alguns meses, a mulher fazia «espetados»
estranhos que ameaçavam o menino. Quando ambos ficavam sozinhos,
devorava toda a carne sem deixar nada. O menino explicava o que se passava
ao irmão, mas ele não «dava de
nada». A situação tornava-se mesmo alarmante e a caça já não
era suficiente para a menina carnívora. Certa
manhã, depois de o marido partir para a caça, ela transformou-se em leoa
e tentou apanhar o menino. O menino, sem mais demora, deu um pulo para
fora de casa e pôs-se a correr em direcção ao local de caça onde o irmão
estava, enquanto chorava «de gritos». Quando
deu conta que estavam próximo do local de caça (porque o marido dizia
sempre para onde ia caçar), voltou a transformar-se em pessoa e chamou o
cunhado, enquanto dizia que brincava com ele. Depois
do regresso do irmão a casa, o menino contou tudo ao irmão, mas ele
fez-se surdo. Temendo pelo perigo em que a sua vida se encontrava, o
menino resolveu viver fora de casa, porque aquele episódio repetiu-se
frequentemente. Mas o irmão caçador, depois de ouvir tantas lamentações
do irmão pequeno e de alguns vizinhos, deu ouvidos ao irmão e disse: -
Vou-me esconder próximo da aldeia e se ela tornar a fazer o mesmo corres
para a direcção para onde me dirijo. O
mesmo voltou a acontecer e o menino fez o que foi combinado. Correu em
direcção ao local onde estava escondido o seu irmão. Escutando os
gritos e choros do irmão que vinha a ser perseguido por uma leoa, o caçador
preparou a espingarda em posição de fogo. Quando
o menino e a leoa chegaram próximo dele, sem mais hesitar, atingiu a leoa
na cabeça com um tiro e a leoa acabou por morrer. O
caçador pegou no irmão e regressou a casa, enquanto chorava, porque
tinha posto em perigo a vida de seu irmão. Aprendeu que quando procuramos
casar ou arranjamos uma mulher ou um homem para casar, primeiro devemos
procurar saber que tipo de ser humano é. Esta
é uma história que nos vem ensinar que quando pensamos casar, devemos
ter cautelas, para não pormos em perigo as nossas vidas, as nossas relações
de amizade com a família, amigos e pessoas chegadas. Carlos
Kakulu |
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